Ordem dos Médicos quer privilegiar fator idade no Plano de Vacinação

O objetivo é facilitar a identificação dos grupos-alvo e permitir reduzir a mortalidade, morbilidade e pressão nos serviços.

A Ordem dos Médicos (OM) defendeu esta sexta-feira a mudança de critérios de vacinação contra a covid-19, privilegiando o fator idade, para facilitar a identificação dos grupos-alvo e permitir reduzir a mortalidade, morbilidade e pressão nos serviços.

Corroborando que os médicos e restantes profissionais de saúde "deveriam ser considerados como prioritários", a OM defendeu junto da tutela "uma mudança dos critérios de operacionalização dos grupos populacionais com fatores de risco já conhecidos, privilegiando, por exemplo, o fator idade, o que facilitaria a identificação dos grupos-alvo e permitiria reduzir a mortalidade, morbilidade e pressão nos serviços".

Para justificar esta convicção, a ordem liderada por Miguel Guimarães frisa que "a taxa de letalidade varia de cerca de 0,3% na faixa dos 50 aos 59 anos até aos 13,6% acima dos 80 anos".

"Nesse sentido, os profissionais e os residentes em lares, unidades de cuidados continuados e aqueles idosos que são acompanhados diretamente pelas famílias, beneficiariam da vacina logo numa primeira fase. Da mesma forma, no que aos profissionais de saúde diz respeito, defendemos que o fator idade e doenças associadas deveria ser considerado na seleção inicial, independentemente da unidade de saúde, região do país ou setor em que desenvolvessem a sua atividade", argumenta.

Num ofício dirigido ao ministério de Marta Temido, a OM manifestou também "preocupação com a falta de critérios de operacionalização para os profissionais de saúde que não trabalham no SNS [Serviço nacional de Saúde] e para os cidadãos que são seguidos exclusivamente a nível hospitalar no SNS e aqueles que são seguidos apenas nos setores social e privado".

A posição da OM surge na "sequência de algumas notícias que dão conta de que corroborou na íntegra a estratégia de Portugal de iniciar a vacinação contra a covid-19 pelos profissionais de saúde".

Pretende assim "clarificar que enviou ao Ministério da Saúde, a 21 de dezembro, um ofício com comentários ao Plano Nacional de Vacinação Covid-19 a que teve acesso, e que se trata do mesmo plano publicitado pelo coordenador da task-force junto da comunicação social".

Nesse documento, prossegue a nota de imprensa, "o bastonário da Ordem dos Médicos e o Gabinete de Crise para a Covid-19 defenderam que era urgente definir de forma clara, coerente e envolvente uma estratégia vacinal assente sobretudo nos objetivos de prevenir a mortalidade e prevenir a sobrecarga dos serviços de saúde, seguindo-se critérios de redução de morbilidade, de mortalidade e de preservação da atividade assistencial não-covid".

O Plano de Vacinação da covid-19 estabelece três fases, a começar pelos profissionais e residentes em lares e instituições similares, profissionais e internados em unidades de cuidados continuados, pessoas com 50 ou mais anos com patologias (insuficiência cardíaca, doença coronária, insuficiência renal, e DPOC ou doença respiratória crónica sob suporte ventilatório e/ou oxigenoterapia de longa duração), profissionais de saúde diretamente envolvidos na prestações de cuidados a doentes e ainda profissionais das forças armadas, forças de segurança e serviços críticos.

A segunda fase é destinada a pessoas com 65 ou mais anos com ou sem patologias e pessoas entre os 50 e os 64 anos com pelo menos uma das seguintes patologias: diabetes, neoplasia maligna ativa, doença renal crónica, insuficiência hepática, obesidade e hipertensão arterial

Finalmente, a terceira fase contempla a vacinação da restante população.

A estimativa aponta que sejam vacinadas 50 mil pessoas na primeira fase; outras 50 mil na segunda fase, e, por fim, 100 mil pessoas.

A campanha de vacinação arrancou no domingo em Portugal, à semelhança de outros países da União Europeia.

A vacina é facultativa, gratuita e universal, sendo assegurada pelo SNS.

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