Marcelo admite que os 400 casos de abusos na Igreja não serão todos os que existem
Presidente da República recorda que "não há limite de tempo para as queixas" e que "há pessoas de 80 ou 90 anos que fazem denúncias que aconteceram há 60 ou 70 anos". Horas depois, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que possam existir mais casos em Portugal e disse "esperar que sejam traduzidos à justiça."
Marcelo Rebelo de Sousa considerou esta terça-feira que os 424 testemunhos que a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa já recebeu não lhe parece um número "particularmente elevado".
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"A Comissão está a preparar o relatório final e não há limite de tempo para as queixas. Há pessoas de 80 ou 90 anos que fazem denúncias que aconteceram há 60 ou 70 anos. Esse número de queixas não me surpreende", afirmou o Presidente da República.
"Haver 400 casos não me parece particularmente elevado porque noutros países com horizontes [temporais de investigação] mais pequenos houve milhares de casos", sublinhou o Presidente da República.
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Horas depois da afirmação - e já depois de muita celeuma e de reações dos partidos -, foi publicada uma nota no site da Presidência, afirmando que "vários relatos falam em números muito superiores em vários países, e infelizmente terá havido também números muito superiores em Portugal".
O Presidente vota ainda que todos os casos "possam ser rapidamente traduzidos em justiça."
Esta terça-feira, a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa revelou, em conferência de imprensa, em Lisboa, que já recebeu 424 testemunhos e assumiu que a maior parte dos crimes reportados já prescreveu, havendo 17 casos enviados para o Ministério Público.
Na reunião desta terça-feira, em Fátima, o Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa recordou "a feliz coincidência da celebração dos 60 anos do início do Concílio Vaticano II a 11 de outubro de 1962, desejando que o dinamismo sinodal" em curso "incentive o espírito renovador legado por este grande acontecimento na vida da Igreja".
Além de ter aprovado também a agenda da próxima reunião plenária da CEP, que se realizará entre 07 e 10 de novembro, e que será divulgada posteriormente, o Conselho permanente "revogou todas as orientações emanadas até agora pela Conferência Episcopal Portuguesa para o culto e atividades pastorais durante a situação de pandemia".
Os bispos, no entanto, mantêm a recomendação de que, nas celebrações, a saudação da paz (que é facultativa), seja feita através de um sinal sem contacto físico (por exemplo, uma vénia ou inclinação), bem como a "utilização facultativa de máscara em locais especialmente lotados e pouco ventilados" e o cuidado com a "higienização e ventilação adequada dos espaços, sobretudo nesta época de outono-inverno".
A Conferência Episcopal aproveita o comunicado para agradecer "a todas as instituições eclesiais e às autoridades civis o esforço que tiveram ao longo deste tempo na luta contra a pandemia", reconhecendo, "de modo muito agradecido, todos os cuidados de segurança e de saúde da parte dos fiéis e instituições eclesiais" e apela a que todos mantenham "um comportamento responsável em relação à proteção da saúde pública".