06 março 2017 às 21h27

Saint Laurent fez campanha "porno chic" e os franceses não gostaram

Regulador da publicidade e o mais destacado grupo feminista francês já se insurgiram contra as imagens

DN

A Saint Laurent, marca francesa de luxo, colocou nos últimos dias uma nova campanha nas ruas de Paris. Pela cidade, outdoors mostram duas manequins em posições pouco naturais e mesmo raras em imagens de moda: uma, dobrada sobre um banco com os braços caídos; a outra, deitada, com as pernas abertas em jeito de provocação.

Mas os parisienses não gostaram dos cartazes e já pediram ao regulador do setor publicitário para intervir. Stéphane Martin, responsável pela regulação, diz que a maioria das queixas eram de pessoas que consideravam que as imagens "incitam à violação". A marca "quebrou as regras, não há contestação possível", acrescenta.

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"Não tenho a certeza que as clientes [da Saint Laurent] queiram ser associadas a estas imagens. Já tivemos um tipo de porno chic há uma década, e agora está aí de novo, o que não é aceitável", acrescenta Martin.

Stéphane Martin vai encontrar-se com representantes da marca na próxima sexta-feira e, de acordo com o The Guardian, vai decidir então se vai ou não tomar medidas, visto que o organismo que orienta pode pedir a anunciantes para retirarem ou mudarem as suas campanhas.

Já Raphaëlle Rémy-Leleu, porta-voz do maior grupo feminista francês, Oséz le Feminisme! (Atreve-te a ser Feminista!), refere que não é a primeira vez que a Saint Laurent pisa o risco. "Tem todos os itens sexistas. As mulheres são objetificadas, hiper sexualizadas e postas em posições submissas", afirmou.

"Como é que eles pensam que vão vender algo a mulheres com aquilo? Mas temos que nos perguntar se não foi intencional. Se não se tratou de criar um escândalo para falarmos sobre eles [Saint Laurent]", acrescenta Rémy-Leleu.

Ainda não existem reações da marca, mas esta não é a primeira vez que a Saint Laurent se encontra numa polémica com uma campanha de moda. Há dois anos, o regulador de publicidade no Reino Unido baniu uma campanha da marca francesa devido à magreza excessiva da manequim.