Pássaros e insetos que espalham pólen estão a desaparecer, e isso afeta-nos
Um novo relatório de uma organização afeta às Nações Unidas confirma aquilo que investigadores já avançavam há vários anos: que o declínio nas espécies que ajudam a polinizar as plantas - e assim à sua multiplicação - como as abelhas, vários tipo de pássaros, e morcegos, por exemplo, poderá ameaçar a produção de alimentos como maçãs, mirtilos ou café.
É a primeira avaliação global das populações de animais polinizadores e do impacto que a sua diminuição poderá ter na produção de alimentos, e foi divulgada esta sexta-feira.
O uso de pesticidas, a diminuição dos habitats naturais, doenças e alterações climáticas são algumas das ameaças a cerca de 20 mil espécies de abelhas, assim como a espécies de pássaros, borboletas, escaravelhos e morcegos que fertilizam flores ao espalhar o pólen, segundo essa avaliação.
[artigo:5043397]
"Os polinizadores são cruciais para a economia global e para a saúde humana", disse Zakri Abdul Hamid, autor principal do relatório que envolveu 124 países, à agência Reuters. O relatório concluiu que entre 214 mil milhões e 527 mil milhões de euros de produção alimentar a nível mundial dependem de animais polinizadores, e há cada vez mais espécies ameaçadas.
O setor alimentar emprega milhões de pessoas, incluindo apanhadores de café no Brasil, agricultores de cacau no Gana, produtores de amêndoa na Califórnia ou de maçã na China.
O estudo é o primeiro da Plataforma Intergovernamental de Política Científica sobre os Serviços de Biodiversidade e Ecossistemas desde que esta foi fundada em 2012. A Plataforma segue o mesmo modelo que o painel das Nações Unidas para as alterações climáticas, que aconselha os governos acerca de formas de combater o aquecimento global.
"Avaliações regionais e nacionais de insetos polinizadores indicam níveis altos de ameaça, em especial para as abelhas e borboletas", lê-se no relatório. Na Europa, por exemplo, 9 por cento das espécies de abelha ou borboleta estão em vias de extinção.
"As boas notícias são que existem muitos passos que podemos tomar para reduzir os riscos", disse Zakri. Esses passos incluem plantar flores selvagens junto das culturas que precisam de ser polinizadas para atrair este tipo de animais, e restringir o uso de pesticidas. Existem também coisas que os próprios agricultores e indivíduos podem fazer para ajudar, por exemplo, deixar que plantas selvagens cresçam em partes da sua terra, ou plantar flores nos jardins e nos canteiros das janelas.
[artigo:3622077]