Dioceses receberam listas com 106 suspeitos de abusos sexuais e afastaram oito padres

O bispo de Beja informou que recebeu uma lista de cinco nomes de alegados abusadores sexuais padres - e, finalmente, há um número confirmado pelas 20 dioceses. São 106 suspeitos, na esmagadora maioria sacerdotes. Os párocos em causa em Beja já morreram, o que totaliza 39 clérigos suspeitos falecidos. Ontem, o bispo do Porto anunciou que três priores "foram afastados temporariamente", elevando para oito o total de padres suspensos no país, devido a suspeita de abuso sexual de menores.

A Comissão Independente entregou às dioceses listas com todos os nomes de suspeitos referenciados pelos testemunhos ouvidos, Mesmo os nomes de padres já mortos, para eventuais posteriores indemnizações das vítimas pela Igreja. Por isso, a lista de nomes entregue às dioceses engloba padres no ativo, falecidos, quem mudou de diocese, etc. Foi um risco assumido, como explicou ao DN um elemento da Comissão. "Os mortos evidentemente que não podem ser perseguidos criminalmente e nem disciplinarmente, mas os factos por eles praticados continuam a determinar a possibilidade de indemnizações."

As 20 dioceses envolvidas, com exceção da das Forças Armadas e Forças de Segurança - que não envolve crianças - , emitiram comunicados sobre a lista. A Diocese de Santarém foi a única a não receber nomes, mas tem um padre no ativo que está a ser julgado por abusos sexuais. Os bispos de Viana do Castelo de Lamego falaram publicamente sobre a lista que, no total, tem 106 suspeitos, entre os quais cinco leigos.

Na Diocese do Porto, há quatro padres falecidos em 12 alegados abusadores, sacerdotes. O bispo Manuel Linda anunciou, em comunicado publicado no Facebook esta quinta-feira, que suspendeu três padres . Em três linhas apenas: "No âmbito da investigação interna sobre os nomes constantes da lista de suspeitos fornecida pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica (CI), o bispo do Porto decidiu afastar temporariamente três sacerdotes diocesanos de toda a atividade pastoral". Não há informação sobre o que fez aos outros quatro padres no ativo pertencentes à diocese e que constam na lista de suspeitos. Há uma semana, também em comunicado, Manuel Linda disse que os factos terão ocorrido nas décadas de 70 e 80 do século passado. Explicava que quatro padres faleceram e um já não pertence à diocese, estando a ser realizadas investigações.

João Marcos, bispo de Beja, acabou por emitir um comunicado na quarta-feira ao fim do dia, através do jornal diocesano Notícias de Beja, em que informa que os autores dos cinco casos (quatro sacerdotes e um leigo) de abuso de menores identificados pela comissão independente já faleceram. Mas anunciou existirem mais quatro casos identificados pelos arquivos diocesanos, entre 2001 e 2020, um deles em julgamento. O primeiro, tornado público em 2001, envolvendo um padre e uma jovem de 17 anos. O padre foi demitido. O segundo é de um sacerdote que estaria a perseguir um menor - foi absolvido em tribunal. O terceiro acabaria por ser arquivado. E o quarto envolvia um leigo em formação no Seminário que foi expulso e está a ser julgado.

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