COP26: Mitos e factos em torno das alterações climáticas
Cimeira começa este domingo. Entenda melhor o que são os mitos e os factos em torno desta problemática.
Em vésperas da cimeira do clima das Nações Unidas, que visa aumentar a ambição do combate ao aquecimento global, a agência France Presse reuniu alguns dos argumentos usados para desacreditar o fenómeno das alterações climáticas, contrariando-os:
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- As alterações climáticas são uma conspiração:
A crise climática é uma conspiração de cientistas para justificarem os seus financiamentos ou mesmo uma cabala dos governos para controlarem os seus cidadãos?
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Para tal, seria necessária uma organização com uma complexidade inimaginável, coordenada por sucessivos governos numa quantidade enorme de países, com a cumplicidade de um verdadeiro exército de cientistas.
Suporia dezenas de milhares de estudos, revistos e corrigidos por outros cientistas, 'arranjados' para chegar a um consenso quase unânime sobre a realidade das alterações climáticas provocadas pela atividade humana.
Ao contrário, longe de ser secreta, a investigação neste campo é demonstrada pelo grupo de peritos reunidos no Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC) composto pelos países membros das Nações Unidas.
Criado em 1988 e galardoado com o prémio Nobel da Paz em 2007, o painel junta centenas de cientistas que reveem 'pro bono' o conhecimento atual sobre alterações climáticas com uma metodologia que é do conhecimento público.
O relatório mais recente, com 3.500 páginas, foi publicado em agosto depois de redigido por 234 autores de 66 países e aprovado por delegados de 195 países.
- O clima está sempre a mudar:
A Terra alterna há muito tempo entre períodos glaciares e outros mais quentes, com glaciações a ocorrerem a cada dez mil anos. O atual período de aquecimento é apenas uma etapa de um ciclo que se sucede há milhões de anos?
Os peritos respondem que não, apontando a rapidez, a amplitude e o âmbito mundial do aquecimento em curso, que o tornam excecional.
"Desde 1970, a temperatura mundial aumentou mais depressa do que em qualquer período de 50 anos dos últimos dois mil anos", refere o IPCC, baseando-se em registos meteorológicos e estudos sobre os sedimentos, amostras de glaciares e outros elementos.
- Está por provar que as alterações climáticas têm origem na atividade humana:
- Mais calor não é mau:
O clima e as suas evoluções observam-se no longo prazo, enquanto os fenómenos meteorológicos têm os seus próprios mecanismos, que se verificam no imediato.
Mais calor em regiões como a Sibéria só teria desvantagens, uma vez que os gelos permanentes derreteriam, libertando enormes quantidades de gases com efeito de estufa, que seriam libertados para a atmosfera.
- Os cientistas contestam que as alterações climáticas sejam uma realidade:
Alguns manifestaram dúvidas, mas o consenso em torno da realidade da mudança do clima global é geral. De acordo com um estudo recente da universidade norte-americana de Cornell, mais de 99% dos artigos sobre as alterações climáticas desde 2012 em revistas científicas coincidem ao atribuí-las à ação humana.