Sociedade
02 agosto 2017 às 00h22

Champalimaud acolhe debate sobre Alzheimer

Maiores especialistas do mundo vão passar por Lisboa em setembro

Ana Bela Ferreira

"Debater o presente com uma janela aberta para o futuro." É desta forma que Albino Oliveira-Maia antecipa a cimeira internacional organizada pelas fundações Champalimaud e Rainha Sofia. O encontro que juntará dois prémios Nobel da Medicina vai decorrer entre 18 e 22 de setembro, na Fundação Champalimaud, em Lisboa.

Os primeiros dois dias vão ser mais dedicados à intervenção clínica das demências. Ou seja, especialistas como Mercè Boada, fundadora e diretora médica da Fundação ACE em Barcelona e especialista em diagnóstico precoce de Alzheimer, e Pablo Martínez Lage, diretor de neurologia da Fundação CITA, Centro de Investigação e Tratamento Avançado para a doença de Alzheimer, vão explicar as mais inovadoras formas de tratar estes doentes. "Os restantes três dias vão ser mais dedicados à área biológica e biomédica sobre os últimos avanços com relevância para esta doença", antecipa Albino Oliveira-Maia, da Fundação Champalimaud e membro da comissão científica da cimeira.

Entre os oradores convidados estão os Nobel da Medicina Richard Axel (2004) e John O"Keefe (2014) que vão falar sobre neurologia e genoma e redes de cérebro essenciais para a construção de memórias. Outros oradores de destaque serão o neurologista António Damásio - Prémio Príncipe das Astúrias para Investigação 2005 - e Rui Costa, investigador do Centro Champalimaud especialista em neurobiologia da ação e do movimento. "Em termos científicos é uma cimeira muito bem representada", sublinha o também coordenador da Unidade de Neuropsiquiatria do Centro Clínico Champalimaud, Albino Oliveira-Maia.

A doença de Alzheimer afeta 47,5 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo a demência mais frequente, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). As estimativas nacionais apontam para que cerca de 182 mil portugueses sofram de demência. Em todo o mundo, é expectável que esta doença continue a crescer e atinja 75,6 milhões de pessoas em 2030.

Daí a relevância de se conjugar "a intervenção clínica os desenvolvimentos científicos mais fundamentais para que se possam abrir portas para outros avanços", aponta Albino Oliveira-Maia.

A cimeira é presidida por Leonor Beleza (presidente da Fundação Champalimaud) e a Rainha Sofia de Espanha. O evento resulta da colaboração entre as duas fundações e de várias instituições ibéricas que partilham o interesse nos cuidados e investigação das doenças neurodegenerativas, um problema mais urgente para países com sociedades mais envelhecidas.