Inundações em Faro bloqueram estradas e impediram abertura de lojas e escolas

A noite e a madrugada foram "relativamente calmas", mas a situação complicou-se de manhã, sobretudo a partir das 07:00, quando começou a chover intensamente na cidade.

A Proteção Civil registou hoje cerca de 30 ocorrências em Faro por causa da chuva intensa que começou a cair desde as 07:00 e provocou inundações na via pública, espaços comerciais e garagens.

Segundo fonte do Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Faro, a noite e a madrugada foram "relativamente calmas", mas a situação complicou-se de manhã, sobretudo a partir das 07:00, quando começou a chover intensamente na cidade.

"Registámos cerca de 30 ocorrências e já foram mobilizados meios externos ao concelho de Faro", disse a fonte, acrescentando que, além dos meios do concelho, estão a ajudar a responder a estas ocorrências elementos dos bombeiros de Portimão, Lagos e Loulé.

O coordenador da Proteção Civil Municipal de Faro, Rui Graça, precisou à agência Lusa que a chuva que caiu no espaço de uma hora, entre as 07:00 e as 08:00, "provocou inundações um pouco por todo o concelho, sendo o centro da cidade a zona mais afetada".

"Temos registo de inundações em garagens, estabelecimentos comerciais, no mercado municipal e em várias artérias da cidade, o que dificultou a circulação de pessoas e abertura de algumas escolas", referiu.

Segundo o responsável, algumas estradas de acesso à cidade "ficaram igualmente intransitáveis devido à acumulação de água, o que originou o caos no trânsito rodoviário nas três principais entradas da cidade".

Rui Graça acrescentou que o sistema de drenagem de águas pluviais "teve dificuldade em escoar o grande caudal de água registado num tão curto espaço de tempo, considerando que a situação era difícil de controlar".

"A drenagem funciona por gravidade, daí a dificuldade em escoar um acumulado de água de 19 milímetros por metro quadrado num tão curto espaço de tempo", sublinhou.

Rui Graça adiantou que a Proteção Civil continua no terreno a prestar auxílio às situações prioritárias, "não tendo sido reportadas situações graves de inundações em habitações, nem de pessoas que necessitassem de realojamento".

Por seu turno, o presidente da Associação de Comerciantes da Baixa de Faro, Davide Alpestana, disse à Lusa que "a maior parte dos estabelecimentos comerciais foi afetada com a entrada de água, registando-se três ou quatro situações de maior gravidade".

"Há algumas situações pontuais em que os danos foram mais avultados, estamos a falar de três ou quatro casos. Neste momento, cerca de 70% dos estabelecimentos está já a funcionar", referiu.

De acordo com Davide Alpestana, "as inundações deveram-se ao acumulado de água na via pública, face à dificuldade do escoamento do sistema pluvial".

Por seu lado, o presidente da Associação de Comerciantes da Região do Algarve (ACRAL) disse à Lusa que "há um conjunto de comerciantes instalados nas zonas mais críticas e clássicas da cidade que foram afetados pela água, cujos prejuízos ainda não estão contabilizados".

"Há locais onde a água ainda não escoou totalmente, mas estimamos que os prejuízos possam ascender a largos milhares de euros", apontou Miguel Morgado Henriques.

Segundo o responsável da ACRAL, a associação, em conjunto com a Proteção Civil Municipal, "está no terreno a tentar apurar o total de comerciantes afetados pela intempérie registada hoje no concelho de Faro".

Já no domingo, até à meia noite, tinham sido registadas 23 ocorrências, 16 delas no distrito de Faro, relacionadas com o mau tempo.

A Proteção Civil tinha emitido a meio da tarde de domingo um aviso à população, com previsões de precipitação e vento no sul do país, alertando para a possibilidade de inundações em zonas urbanas, cheias e deslizamentos de terras.

Os distritos de Faro e Beja estão hoje sob aviso laranja (o segundo mais grave), emitido pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), por causa da precipitação até às 15:00. A partir dessa hora o aviso passa a amarelo (terceiro na classificação por gravidade), mantendo-se pelo menos até às 18:00.

Faro e Beja estão igualmente sob aviso amarelo por causa da possibilidade de trovoadas frequentes e dispersas (até às 15:00 de hoje) e do vento por vezes forte do quadrante sul, com rajadas até 70 quilómetros por hora (km/h) até às 18:00 de hoje.

O aviso laranja indica situação meteorológica de risco moderado a elevado e o amarelo é emitido pelo IPMA sempre que existe uma situação de risco para determinadas atividades dependentes da situação meteorológica.

O alerta emitido no domingo pela Proteção Civil tem por base as previsões meteorológicas do IPMA, que prevê para hoje períodos de chuva ou aguaceiros, mais frequentes e intensos na região Sul, com possibilidade de ocorrência de trovoada e vento fraco a moderado (até 30 km/h) do quadrante leste, sendo moderado a forte (30 a 40 km/h) do quadrante sul na região Sul até ao meio tarde, e nas terras altas, com rajadas até 70 km/h.

"Salientam-se as condições para a ocorrência de precipitação mais intensa, com acumulação entre 10 a 20 mm/1h, sendo o período mais crítico entre as 00:00 e as 15:00 do dia 05 de dezembro, nos distritos de Faro e Beja, assim como a possibilidade da ocorrência de fenómenos extremos de vento", alertou a Proteção Civil.

Na nota, a proteção Civil avisou igualmente para a possibilidade de cheias por transbordo de cursos de água, deslizamentos de terras por "instabilidade de vertentes" que podem ser potenciados pelos efeitos de incêndios florestais, arrastamento para as estradas de objetos soltos, desprendimento de estruturas móveis e formação de lençóis de água.

Recomendou ainda a desobstrução de sistemas de escoamento, a fixação de estruturas soltas, a ter particular atenção à circulação em zonas com árvores, pela possibilidade de queda e quebra de ramos, especial cuidado junto a zonas ribeirinhas, adoção de uma condução defensiva e não atravessar zonas inundadas.

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