Barreiro e Seixal unidos por uma ponte. Só para peões e bicicletas
Investimento de quatro milhões de euros vai recuperar ligação sobre a foz do rio Coina destruída em 1969. Autarquias querem rentabilizar ciclovias e atrair turistas
Os concelhos do Barreiro e Seixal deverão voltar a ter uma ponte a uni-los sobre a foz do rio Coina. O projeto contempla o aproveitamento do ramal ferroviário de Cacilhas, que não se chegou a concretizar, mas só se destina a quem ande a pé ou de bicicleta. O investimento na ligação que pretende ampliar a rede ciclável dos dois concelhos aproxima-se dos quatro milhões de euros, repartidos por duas candidaturas a fundos comunitários no âmbito do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano Sustentável.
"É um projeto muito importante, até do ponto de vista histórico, porque retoma uma ligação entre os dois municípios, que vai ajudar a desenvolver toda a zona ribeirinha", explicou ao DN o presidente da Câmara Municipal do Barreiro, Carlos Humberto. O autarca recordou que junto à estação fluvial do concelho ainda estão os pilares em pedra da antiga ponte, onde o tráfego foi suspenso após ter sido danificada na sequência da colisão de um navio, a 18 de setembro de 1969, proveniente da Siderurgia Nacional.

O embate provocou uma derrocada da infraestrutura que tinha sido inaugurada em 1923 para ligar Setúbal a Lisboa pela linha ferroviária do Sado. Desde a colisão a ponte não voltou a ser reconstruída, tendo a ligação entre as duas margens passado a ser efetuada por barqueiros durante vários anos. Até deixar de ser efetuada.
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Atrair turistas
Segundo Carlos Humberto, o projeto que agora junta os dois municípios aponta ao "aproveitamento de uma parte das infraestruturas", tratando-se de uma intervenção desenvolvida ao longo de aproximadamente mil metros, incluindo a ponte e as estruturas internas de ambos os concelhos.
É que ambas as autarquias apostam na criação de um singular projeto pedonal e ciclável de "grande atratividade" turística às portas de Lisboa. "A ligação entre Barreiro e Seixal é fundamentalmente uma ligação entre comunidades, mas também temos a perspetiva turística, já que a rede ciclável continuará pela beira-rio", explica o autarca barreirense.
Isto porque, após a construção da ponte, a ciclovia será ligada às redes internas de cada município, que no concelho do Barreiro, por exemplo, contempla a Avenida da Praia, Santo André e a própria estação fluvial. "Vamos juntar o projeto ao que já existe, criando umas dezenas de quilómetros de ciclovias de forma faseada", conta Carlos Humberto, revelando que o projeto conduzirá aos percursos pedonais e passadiços da zona de Alburrica, onde se situa a praia fluvial onde estão os moinhos de vento do Barreiro.
Também o Seixal tem apostado na criação de vias cicláveis junto ao rio Tejo, estando em marcha o mais recente investimento alicerçado na construção de uma outra ponte pedonal em madeira, com 76 metros de extensão, junto à Ponte da Fraternidade, para "ligar as frentes ribeirinhas de Amora e Arrentela, dando continuidade à requalificação das margens da baía do Seixal", segundo avança a autarquia.
A ponte integra o plano da rede ciclável que vai ser em breve aumentado à boleia da construção da faixa ciclável da Baía Nascente - Frente Ribeirinha Seixal/Arrentela, que terá 2100 metros. A obra deverá iniciar-se brevemente, criando assim um corredor só para bicicletas que liga os núcleos urbanos antigos de Amora, Arrentela e Seixal. "Pretende-se organizar a zona pedonal, criando melhores condições de segurança para os peões e para os ciclistas que circulam nas frentes ribeirinhas", garante a autarquia.
Outras candidaturas
É ainda de olhos postos na requalificação de Alburrica e zonas adjacentes, nomeadamente a Doca Seca da CP, que o Barreiro juntou mais duas candidaturas a fundos comunitários no programa Lisboa 2020, num total de aproximadamente seis milhões de euros. A intervenção junto das comunidades desfavorecidas, dos centros históricos e da baía do Tejo também está contemplada no plano, bem como e a recuperação de edifícios, visando a promoção económica.
Uma das prioridades está centrada na intervenção em habitações degradadas que proliferam em vários bairros do concelho, e é neste âmbito que se enquadra a requalificação no eixo entre a Rua Brás até ao Largo 1.º de Maio. Com este projeto dirigido às comunidades desfavorecidas a autarquia quer conseguir "transformar a realidade do concelho" do ponto de vista da qualidade.