Sociedade
16 abril 2021 às 15h49

Dez detidos em manifestação de apoio a juiz negacionista em Lisboa

A PSP deteve 10 pessoas na manifestação de apoio ao juiz Rui Fonseca e Castro, em frente do Conselho Superior de Magistratura (CSM), onde foi ouvido, com a polícia a sublinhar o incumprimento das normas sanitárias pelos manifestantes.

Lusa

"No início da manifestação foi notório o incumprimento deliberado e generalizado das normas sanitárias por parte dos participantes, em particular, a falta de máscara e o distanciamento físico. Apesar da insistente sensibilização, os mesmos continuaram de forma reiterada a não fazer uso das máscaras, nem a cumprir o distanciamento necessário", refere o Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da Polícia de Segurança Pública (PSP), hoje divulgado.

Cerca de cem pessoas manifestaram-se hoje em frente do CSM em apoio ao juiz que nega a pandemia de covid-19.

Os manifestantes concentraram-se ao início da tarde junto do Conselho Superior de Magistratura, onde o juiz Rui Fonseca e Castro ia ser ouvido pelo instrutor do seu processo disciplinar. O juiz está suspenso preventivamente por incentivar publicamente ao incumprimento das regras para controlar a evolução da pandemia de covid-19.

Rui Fonseca e Castro foi recebido à chegada com palmas e abraços e com a frase repetida durante vários minutos "Viva o Rui".

Os manifestantes mantiveram-se no local até cerca das 17:00, quando o juiz saiu do Tribunal. Durante a manifestação de apoio foram detidas pela PSP várias pessoas.

"Impondo-se a necessidade de fazer cessar os referidos comportamentos de risco foi realizada uma progressão policial, de forma a dispersar os manifestantes, tendo-se procedido à detenção de 10 cidadãos por desobediência, resistência à ordem de dispersão e agressão. Os detidos são notificados para comparência na próxima segunda-feira à autoridade judiciária", adiantou a PSP em comunicado.

No mesmo documento, a polícia refere ainda que os manifestantes foram alertados por sistema sonoro "para a obrigatoriedade do uso de máscara e cumprimento do distanciamento físico, sob pena de incorrerem em crime de desobediência previsto no Código Penal Português" e que, "face à persistência daqueles comportamentos que inequivocamente colocavam em risco a saúde pública, foram emanadas novas ordens, por sistema sonoro, para a dispersão dos manifestantes, sob pena de incorrerem no crimes de desobediência".

A PSP refere que as ordens foram reiteradamente desobedecidas por parte dos manifestantes.

As cerca de cem pessoas dispersaram pouco depois das 17:00, quando o juiz negacionista da pandemia de covid-19 saiu do local.

Os manifestantes mantiveram-se sempre nos arredores do Tribunal e voltaram a juntar-se quando o juiz saiu e quando estava no local um grande aparato policial, com mais de uma dúzia de viaturas da PSP, metade delas carrinhas da unidade especial de polícia.

A ação da polícia, que deixou o local cerca das 17:20, impediu que o jornalista da Lusa presente no local fosse agredido pelos manifestantes.

Todos os manifestantes, que trocaram cumprimentos, abraços e beijos, estavam sem máscara. A Lusa apenas viu uma mulher, enrolada numa bandeira de Portugal, com uma máscara, mas nos olhos.

Notícia atualizada às 21.39