Sociedade
28 setembro 2021 às 09h33

Vice-almirante termina missão da Task Force e volta às funções militares

Com a expetativa de que se atinjam os 85% de pessoas vacinas até ao final da próxima semana, Gouveia e Melo deu por terminada a sua missão frente à Task Force de vacinação

DN/Lusa

A 'task force' responsável pelo plano de vacinação contra a covid-19 terminou a sua missão de planificação e gestão logística no contexto da pandemia. O anúncio foi feito pelo próprio coordenador da equipa, esta terça-feira, durante a reunião semanal com o governo, na qual o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo deu mostras de alguma desilusão por não ter ainda atingido a meta dos 85% de população vacinada. Por isso, a task force vai começar a telefonar "pessoa a pessoa" das 80 mil elegíveis para receber a segunda dose da vacina contra a covid-19 para perceber porque não estão a comparecer e a responder aos apelos.

"Neste momento, estamos em 86,5% das primeiras doses e já passámos os 84,3% das segundas doses, a caminho dos 85%, apesar de agora, nesta fase final, parece que as pessoas se esqueceram de que têm que tomar a segunda dose", disse o coordenador da organização na sede da 'Task Force', em Oeiras, distrito de Lisboa, onde o primeiro-ministro, António Costa, e a ministra da Saúde, Marta Temido, participaram na reunião do Plano de vacinação contra a covid-19.

Na realidade, adiantou, no máximo da população elegível, falta vacinar mais 345 mil pessoas, dos quais cerca de 140 mil ainda não são elegíveis porque recuperaram.

Contudo, observou Gouveia e Melo, "há 80 mil pessoas que já recuperaram", acrescentando: "E nós ainda não as conseguimos trazer ao processo de vacinação apesar dos apelos que fazemos".

"Agora vamos começar a telefonar pessoa a pessoa para tentar perceber porque as pessoas não aparecem e é isto que está a fazer com que hoje em dia não estejamos a atingir os 85%, porque já tínhamos a possibilidade de o ter feito antes", sublinhou, antecipando a expetativa de, dentro de semana ou semana e meia, atingir essa meta.

O vice-almirante Gouveia e Melo confirmou assim que este era "o último 'briefing'" sobre a pandemia: "Acho que entrego a minha missão, está terminada e agora fica o núcleo a fazer a transição".

Uma equipa saída da Task Force irá fazer esse processo de conciliar as vacinas contra a covid-19 e as da gripe. No entanto, o vice-almirante fez questão de explicar que a eventual sobreposição da vacinação da gripe com a administração de uma eventual terceira dose contra a covid-19 não será um problema a nível logístico, face à disponibilidade de vacinas e à continuidade dos atuais centros de vacinação para esta transição.

"Estamos preparados para fazer 400 mil vacinas por semana e para terminar o processo até 15 de dezembro", garantiu, admitindo que o "desafio é conjugar duas agendas: a vacinação da gripe e a eventual terceira dose da vacinação covid-19".

"O processo correu muito bem para a covid e estamos a tentar replicar para a gripe", resumiu, sem deixar de esclarecer que Portugal já tem 480 mil vacinas da gripe em território nacional, num processo de vacinação que "já começou ontem [segunda-feira]", arrancando primeiramente pelos lares de idosos.

"Temos em 'stock' cerca de dois milhões de vacinas. Não haverá qualquer problema para a terceira dose, seja ele qual for o âmbito", acrescentou.

O primeiro-ministro, que lembrou que briefings como este aconteceram semanalmente, mas de forma não presencial, elogiou a capacidade de comando e de planeamento da equipa que coordenou o processo de vacinação.

"Neste momento de render da guarda queria agradecer-lhe muito pessoalmente e a toda a equipa que agora segue para novas missões", disse ao vice-almirante Gouveia e Melo, realçando também a importância do ministério da Saude, autarquias e profissionais de saúde para o sucesso da campanha.

"O contributo das Forças Armadas foi essencial. E é justo aqui referir que o vice-almirante e toda a sua equipa, com elementos dos três ramos, reforçou a ideia fundamental de que o país reconheça o quanto é fundamental o investimento nas Forças Armadas" declarou o líder do executivo.

O primeiro-ministro assinalou depois que a missão das Forças Armadas, no presente, "não é felizmente fazer a guerra, mas garantir a paz e em paz poder assegurar o funcionamento das estruturas fundamentais do país".

"Que tenha ventos de maior feição do que os que teve de enfrentar nesta espinhosa missão", rematou António Costa.

Já à margem da reunião, o vice-almirante Gouveia e Melo agradeceu a todos os que ajudaram no processo de inoculação. "Acho que temos de estar todos contentes por termos feito em conjunto uma coisa que vai ficar na história. Vou voltar ao anonimato das minhas funções militares", rematou.

À margem desta reunião, a ministra da Saúde revelou que as novas normas da DGS sobre isolamento serão conhecidas até ao final da semana. "A DGS está neste momento a trabalhar, em articulação com o Ministério da Saúde, num conjunto de normas, que decorrem do nosso estado de vacinal. Esperamos que no final desta semana, até domingo, ter um conjunto de regras conhecidas de todos", afirmou Marta Temido.

A ministra recordou que a vacinação contra a gripe sazonal começou na segunda-feira e vai decorrer até ao mês de dezembro e garantiu, como já tinha feito o vice-almirante Gouveia e Melo, que caso seja preciso administrar uma terceira dose de vacina contra a covid-19, há condições de o fazer no que se refere a questões de logística e de vacinas.

No que se refere à vacina da gripe, Marta Temido disse que Portugal fez um reforço em mais de 400 mil doses e que o total será de 2,5 milhões de doses.

"Este ano, reforçamos a aquisição de vacinas contra a gripe sazonal. Reforçamos numa primeira fase em 140 mil doses e e agora num outro processo que está em curso em mais 300 mil doses", disse.

Marta Temido referiu, porém, que a vacinação sazonal tem um público alvo específico. "Não sâo todas as pessoas que precisam de tomar a vacina contra a gripe", disse a ministra indicando que o número de doses disponíveis andará à volta dos 2, 5 milhões, "independentemente das vacinas que são compradas pelas farmácias comunitárias".