Sociedade
21 março 2023 às 12h08

Patriarcado de Lisboa afasta quatro padres por suspeita de abusos sexuais

Trata-se de um "afastamento preventivo" de "quatro sacerdotes no ativo", anuncia o Patriarcado de Lisboa, sublinhando que "não existe uma acusação formal". Foi agora aberta uma "investigação prévia de cada um dos casos, que posteriormente será enviada ao Dicastério para a Doutrina da Fé".

DN

O Patriarcado de Lisboa anunciou esta terça-feira o afastamento de quatro padres que estão no ativo por suspeitas de abusos sexuais.

"O Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, determinou o afastamento preventivo, também designado como proibição do exercício público do ministério, de quatro sacerdotes no ativo, recomendado pela Comissão Diocesana", lê-se no comunicado do Patriarcado de Lisboa.

Os padres visados "solicitaram a rápida busca da verdade e da justiça", sendo que agora foi aberta a "investigação prévia de cada um dos casos, que posteriormente será enviada ao Dicastério para a Doutrina da Fé".

Foi agora aberta a "investigação prévia de cada um dos casos, que posteriormente será enviada ao Dicastério para a Doutrina da Fé".

A decisão do Patriarcado de Lisboa surge na sequência da informação que foi fornecida pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica referente à lista de alegados abusadores ainda no ativo.

O afastamento preventivo foi agora determinado pelo Patriarcado de Lisboa depois de ter recebido "da sua Comissão de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis uma recomendação relativa à informação que lhe foi entregue pela Comissão Independente, nos passados dias 15 e 16 de março".

"Sublinha-se que não existe uma acusação formal a nenhum destes sacerdotes que, contudo, ficam assim afastados do exercício público do seu ministério, enquanto decorrem todas as diligências dos seus processos", indica a nota.

A lista enviada pela Comissão Independente dava conta de cinco padres suspeitos de abusos sexuais no ativo. "O​​​​ outro sacerdote referido, que também se encontra no ativo, já tinha sido sujeito a medidas cautelares", esclarece o Patriarcado de Lisboa.

Volta a sublinhar o Patriarcado de Lisboa que "continua totalmente empenhado na procura da verdade, assente na tolerância zero e na transparência total em relação a qualquer situação de abuso de menores e adultos vulneráveis".

No passado dia 10, o Patriarcado de Lisboa tinha anunciado a receção de uma lista de 24 suspeitos de abusos, cinco dos quais padres no ativo.

Destes 24 nomes, segundo o Patriarcado de Lisboa, oito nomes diziam respeito a sacerdotes já falecidos, dois eram padres doentes e retirados do ministério, três de sacerdotes sem qualquer nomeação, quatro são nomes desconhecidos, além de um leigo e de um ex-padre.

Com base nesta lista, a Comissão Diocesana de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis do Patriarcado de Lisboa pediu, então, mais informações à Comissão Independente para "tornar possível a entrega ao Cardeal-Patriarca das recomendações que lhe permitam fundamentar a proibição do exercício público do ministério dos sacerdotes no ativo e assunção das devidas responsabilidades no apoio e respeito pela dignidade das vítimas".

A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica validou 512 testemunhos, apontando, por extrapolação, para pelo menos 4.815 vítimas. Vinte e cinco casos foram enviados ao Ministério Público, que abriu 15 inquéritos, dos quais nove foram arquivados.

A comissão entregou à Conferência Episcopal Portuguesa uma lista de alegados abusadores, alguns no ativo, tendo esta remetido para as dioceses a decisão de afastamento de padres suspeitos de abusos e rejeitado atribuir indemnizações às vítimas.

Com Lusa