Sociedade
23 junho 2022 às 10h33

Mãe da criança morta em Setúbal foi "ardilosamente enganada", diz PJ

A mulher, inicialmente identificada como ama, bem como o marido e a filha, são suspeitos dos crimes de rapto, extorsão, ofensas à integridade física e homicídio qualificado. A mãe da menina e o padrasto não foram constituídos arguidos.

DN/Lusa

As três pessoas detidas por suspeita do homicídio de uma menina em Setúbal são uma mulher a quem a mãe da criança devia dinheiro, inicialmente identificada como ama, e o marido e a filha desta suspeita, segundo a Polícia Judiciária (PJ).

O coordenador da PJ de Setúbal, João Bugia, disse esta quinta-feira à Lusa que a mãe da menina, de 3 anos, e o padrasto foram também ouvidos durante a noite na Polícia Judiciária (PJ), mas não foram constituídos arguidos.

Os três detidos são suspeitos dos crimes de rapto, extorsão, ofensas à integridade física e homicídio qualificado.

Num comunicado divulgado ao início da manhã de hoje, a Polícia Judiciária tinha referido apenas as detenções de um homem de 58 anos e duas mulheres de 52 e 27 anos, sem identificá-los.

A morte da menina ocorreu na segunda-feira, depois de a mãe ter ido buscá-la a casa da suspeita, identificada pela progenitora às autoridades como ama da criança.

De acordo com a mãe, a menina esteve cinco dias ao cuidado da mulher e tinha sinais evidentes de maus-tratos, como hematomas, pelo que foi chamada a emergência médica.

A criança foi assistida na casa da mãe e transportada ao Hospital de São Bernardo, onde foi sujeita a manobras de reanimação, mas não sobreviveu aos ferimentos.

Segundo João Bugia, a mãe da menina foi "ardilosamente enganada" e levada a entregar a filha por conta de uma dívida de 400 euros que tinha para com a suspeita.

"A mulher agora detida convenceu a mãe a levar a criança a sua casa com o pretexto de que a menina poderia ficar a brincar com a neta, da mesma idade, enquanto conversavam sobre a dívida", referiu.

No entanto, segundo o coordenador da PJ de Setúbal, não foi permitido à mãe da menina levar a criança de volta para casa.

Nos cinco dias em que a criança permaneceu na casa dos detidos, terá sofrido maus-tratos severos.

João Bugia revelou ainda que, apesar de haver algumas suspeitas iniciais de eventuais agressões sexuais contra a criança, esses indícios não foram confirmados na autópsia realizada na quarta-feira.

O coordenador indicou que os suspeitos serão presentes a tribunal hoje à tarde ou na sexta-feira.

Mariana Vieira da Silva, ministra da Presidência, manifestou-se esta quinta-feira chocada com este caso, sublinhando que a crescente proteção das crianças tem sido um dos "eixos fundamentais das transformações" no combate à violência doméstica.

"Obviamente, aquilo que aconteceu é algo que choca todos, qualquer um de nós e depois o caso em concreto tem um local próprio para ser investigado e para procurarmos sempre as falhas, as falhas no sistema e não relativas ao caso concreto para que possam ser corrigidas", disse a ministra Mariana Vieira da Silva, na conferência de imprensa no final do Conselho de Ministros de hoje.