Sociedade
19 maio 2022 às 19h42

Graça Freitas diz que os portugueses devem voltar a usar máscara em espaços fechados e aglomerados

A diretora-geral da Saúde confirma as estimativas que indicam que o país vai chegar ao final do mês com 60 mil casos diários de covid-19. A nova linhagem da variante Ómicron é a que "está provocar esta vaga", refere Graça Freitas.

DN

Com o número de novos casos de covid-19 a aumentar nesta sexta vaga da pandemia em Portugal, Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, recomenda aos portugueses que voltem a usar as máscaras em espaços fechados, em aglomerados e também em algumas situações em ambiente laboral.

Em entrevista ao Jornal das 8, da TVI, Graça Greitas referiu que a nova linhagem da variante Ómicron "é a que está a provocar esta vaga". De acordo com os estudos, "transmite-se ainda mais do que a Ómicron original" e "tem a capacidade de escapar ao nosso sistema imunitário", acrescentou a diretora-geral da Saúde, referindo que não provoca doença mais grave dos que as anteriores linhagens.

"De facto podem acontecer reinfeções e temos a notícia de pessoas infetadas a primeira vez com a variante Ómicron original e de terem agora uma outra infeção com esta linhagem", detalha, confirmando as estimativas do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) de que Portugal vai atingir, até ao final do mês, 60 mil casos diários de covid-19.

Qual a razão pela qual "há casos de mortes acima do que desejaríamos, ou de internamentos? É a força dos números, pois se há muitos casos, proporcionalmente haverá também os mortos e internamentos", explicou.

Referiu que ainda estamos acima do limiar estabelecido do número de óbitos, devido à nova linhagem, de 20 mortes a 14 dias por um milhão de habitantes. "Não temos conseguido baixar, íamos muito bem até que apareceu esta linhagem", assume.

Tendo em conta este cenário, Graça Freitas diz que os portugueses devem voltar a usar a máscara em espaços fechados, e não só. "A máscara tenho-a aqui no bolso e tenho usado sempre", sublinha. Recomenda, por isso, o seu em "ambientes fechados e em aglomerados".

E em ambientes laborais? "Se estiver sozinha no meu gabinete, com janela aberta, eu não estou com máscara. Se entra alguém no meu gabinete, eu ponho a máscara" responde. E reforça: "A mascara é aconselhada, assim como todas as outras medidas".

A ministra da Saúde, Marta Temido, descartou, para já o regresso ao uso obrigatório da máscara e Graça Freitas considera que uma recomendação é suficiente nesta altura.

"Eu creio que nesta fase uma recomendação é suficiente. No fundo, qual é a grande diferença entre uma recomendação e uma obrigação? É uma boa prática. Uma tem um caráter vinculativo, a outra ponho-o a participar na decisão", considera, voltando a reforçar que a máscara é aconselhada.

Apesar do agravamento da pandemia, Graça Freitas rejeita a administração da segunda dose de reforço, ou quarta dose, a toda a população. Uma posição que justifica com a atual geração de vacinas: "Nós já fizemos uma vacinação universal da população com muitíssimos bons resultados e agora estamos numa estratégia de proteção de vulneráveis."

Na mesma entrevista, Graça Freitas revela que "20% dos lares elegíveis já foram vacinados", indicando que o "processo tem estado a correr bem" e que "vai intensificar-se nas próximas semanas" para que esta faixa da população seja vacinada no maus curto espaço de tempo possível.

Quando questionada sobe a hepatite aguda em crianças, ainda de origem desconhecida - Portugal tem, atualmente, 12 casos suspeitos -, Graça Freitas refere que "o suspeito principal é o adenovírus", não colocando de parte uma ligação à covid-19, mas "neste momento é mesmo prematuro".

Já sobre a varíola-dos-macacos, Graça Freitas revela que Portugal tem "o maior número [de infeções]" pelo vírus Monkeypox, referindo, no entanto, que o país tem "uma ótima capacidade de deteção e investigação". Há, atualmente, 14 casos confirmados.

Em relação aos casos detetados no Reino Unido, Espanha e Portugal, Graça Freitas indica que "até à data nós não encontramos relação entre os vários focos".

"O que nós sabemos é que o vírus original já foi sequenciado pelo INSA e é de um subgrupo de uma linhagem da África Ocidental", revela a diretora-geral. É o de menor gravidade, acrescenta.