Sociedade
28 março 2023 às 17h14

Autor do ataque é afegão, tem distúrbios mentais e vive em Odivelas

Autor do ataque foi detido, depois de ter sido atingido pelas autoridades. Homem estava "armado com uma faca de grandes dimensões", diz a PSP. António Costa e Marcelo expressam "solidariedade" e "pesar" à comunidade ismaelita e às famílias das vítimas.

DN

Duas pessoas morreram esta terça-feira num ataque com faca no Centro Ismaelita, na Avenida Lusíada, em Lisboa. As vítimas mortais são duas mulheres de nacionalidade portuguesa, Mariana Jadaugy, de 24 anos, e Farana Sadrudin, de 49, que trabalhavam no centro na ajuda aos refugiados. Uma seria professora de inglês do suspeito, a outra colega.

Farana, de acordo com a CNN Portugal, era sobrinha do representante diplomático do Imamat Ismaili em Portugal, Nazim Ahmad, e membro do Conselho de Subsídios e Revisão e Membro do Conselho de Conciliação e Arbitragem por Portugal na Comunidade Ismaili, que trabalhava desde dezembro de 2021 na Fundação FOCUS - Assistência Humanitária.

Mariana era licenciada em Ciências Políticas e Relações Internacionais pela Universidade Nova de Lisboa, e trabalhava como voluntária na ReFood e na FOCUS.

O autor deste ataque chama-se Abdul Bashir, nasceu em 1994 e é um refugiado afegão, viúvo, que reside em Odivelas com três filhos menores. Terá sido atingido pelas autoridades, foi detido e transportado para o Hospital de São José, em Lisboa, onde já foi operado à zona da anca, estando estável, segundo a SIC Notícias.

O homem estava em Portugal desde 2021, vindo da Grécia, e teria distúrbios mentais, indica o jornal Expresso.

"Queria expressar à comunidade ismaelita, às famílias das vítimas a minha solidariedade e o meu pesar", reagiu o primeiro-ministro, António Costa.

O chefe do Governo salientou a "pronta intervenção da Polícia de Segurança Pública, que permitiu a detenção do suspeito, que está no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, a receber os cuidados médicos".

"É prematuro fazer qualquer interpretação sobre as motivações deste ato criminoso", disse o primeiro-ministro. "Devemos aguardar com segurança que as autoridades procedam às necessárias investigações", acrescentou.

Costa disse ainda que "tudo indica que foi um ato isolado", mas, repetiu, é necessário aguardar pela investigação das autoridades.

O caso foi entregue à unidade de contraterrorismo da Polícia Judiciária, indica a RTP.

Numa mensagem divulgada pelas redes sociais, a PSP "apela a todas as pessoas que não se desloquem para esta zona da cidade, devido à operação policial em curso".

A força policial indica que "foi crucial para a resposta da PSP que diversos cidadãos nos contactassem de imediato pelo 112".

O porta-voz do Conselho Nacional da Comunidade Ismaili, Faizal Ali, lamentou o ataque que tirou a vida a duas pessoas da comunidade e agradeceu a prontidão e eficácia da polícia e a solidariedade demonstrada por todos os elementos da sociedade civil.

A PSP foi alertada para um ataque com arma branca, no Centro Ismaili às 10:57. Quando chegaram ao local, os agentes "deparam-se com um homem armado com uma faca de grandes dimensões", refere, em comunicado, esta força de segurança.

"Foram dadas ordens ao atacante para que cessasse o ataque, ao que o mesmo desobedeceu, avançando na direção dos polícias, com a faca na mão", relata a PSP.

Perante a "ameaça grave e em execução, os polícias efetuaram recurso efetivo a arma de fogo contra pessoa, atingindo e neutralizando o agressor".

Registam-se "diversos feridos e, "até ao momento, duas vítimas mortais".

A PSP "apela à serenidade e tranquilidade de todos" os cidadãos", tendo "mobilizado os efetivos necessários para a implementação das medidas de segurança adequadas e urgentes".

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, "apresentou ao representante do Imamat Ismaili em Lisboa, Nazim Ahmad, sinceros pêsames pelo ato criminoso ocorrido esta amanhã no Centro Ismaili de Lisboa, solicitando que os transmitisse também ao Príncipe Aga Kahn e às famílias das vítimas".

Em nota divulgada no site da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa indicou que está a acompanhar "permanentemente a situação, em contacto com o Governo".

O chefe de Estado "sublinha, por um lado, o facto de estarem a decorrer as investigações destinadas a apurar o sucedido, e, por outro, que, tal como declarado pelo primeiro-ministro, as primeiras indicações apontam para um ato isolado".

O Ministro da Administração, José Luís Carneiro, reagiu esta terça-feira ao ataque com faca no Centro Ismaelita de Lisboa que fez duas vítimas mortais e diversos feridos.

"Desejar que seja feita justiça relativamente a um ato tão trágico que mexeu com a comunidade nacional. Tudo leva a querer tratar-se de um ato isolado, mas as motivações estão a ser alvo de investigação pela Polícia Judiciária. Agora desenvolver-se-ão as investigações para determinar as causas deste ato que condenamos veementemente", afirmou José Luís Carneiro.

"Este homem foi vítima do falecimento da sua esposa num campo de refugiados na Grécia", explicou."Tratava-se de um cidadão com uma vida bastante tranquila e beneficiava do apoio da comunidade ismaelita."

"O suspeito não tinha qualquer sinalização que justificasse cuidados de segurança", assegurou o ministro

"Vamos aguardar mas deve evitar-se análises precipitadas porque estes momentos exigem bastante serenidade na forma como se observam e analisam os factos".

O embaixador de Israel em Portugal disse estar "devastado" com o ataque no Centro Ismaili. "O meu coração está com a comunidade Ismaili portuguesa", refere Dor Shapira numa mensagem partilhada nas redes sociais.

"Israel está solidário com os nossos amigos, vizinhos, irmãos e irmãs desta maravilhosa comunidade e envia as nossas sinceras condolências às famílias das vítimas", acrescentou o embaixador.

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