Sociedade
27 novembro 2021 às 15h10

Covid-19 em Portugal. Há três meses que não havia tantos internados

Pelo quarto dia consecutivo o número de novos casos ultrapassa a barreira dos 3000. Nas últimas 24 horas mais três pessoas foram internadas com o novo coronavírus, atingindo um total de 708, das quais 104 estão nos cuidados intensivos

DN

O Boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) indica que Portugal registou, nas últimas 24 horas, 3364 novos casos de covid-19. O relatório deste sábado (27 de novembro) refere também que morreram mais 12 pessoas devido à infeção por SARS-CoV-2.

Pelo quarto dia consecutivo o número de novos casos ultrapassa a barreira dos 3000.

Os dados sobre a situação nos hospitais mostram que há agora 708 (mais 3 que ontem) internados, um valor que não era atingido desde 30 de agosto passado, quando havia 705 internamentos.

Nos cuidados intensivos estão neste momento 104 doentes (mais 4 que ontem).

Com esta nova atualização, Portugal tem, atualmente, 51.689 casos ativos da doença (mais 809 que na sexta-feira).

As faixas etárias a partir dos 70 anos são aquelas com a menor incidência de casos (são também aquelas com a taxa de vacinação quase a 100%). Dos 20 aos 50 anos são as idades com maior número de infetados.

Das 12 mortes, 5 ocorreram em Lisboa e Vale do Tejo, 3 no Norte, 2 no Alentejo, uma no Centro e outra no Algarve. A maior parte dos novos casos registou-se na região de Lisboa (1159) , seguida da zona Norte (944) e do Centro (720).

Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18 405 pessoas e foram contabilizados 51 689 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.

Há neste dia mais 2 985 pessoas sob vigilância e recuperaram da doença 2 543 pessoas (1 069 716 desde início de pandemia).

A incidência de infeções por covid-19 em Portugal atingiu uma taxa acumulada nos últimos 14 dias de 298 casos por 100.000 habitantes, com uma tendência "fortemente crescente a nível nacional", segundo dados oficiais divulgados na sexta-feira.

De acordo com o relatório de monitorização das "linhas vermelhas" da pandemia, da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Ricardo Jorge (INSA) , também o número de internamentos em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) no continente revelou uma "tendência fortemente crescente".

As UCI registam atualmente uma taxa de ocupação de 40% do valor crítico definido de 255 camas, quando na semana passada a ocupação de camas em cuidados intensivos estava nos 28%.

Quanto ao índice de transmissibilidade (Rt), o relatório dá conta igualmente de uma tendência crescente da incidência de infeções por SARS-CoV-2 a nível nacional (1,19) e em todas as regiões.

A manter esta taxa de crescimento, a nível nacional, estima-se que o limiar de 480 casos em 14 dias por 100 000 habitantes possa ser ultrapassado em menos de 15 dias, alerta.

Em linha com estes dados, também a mortalidade específica por covid-19 (15,5 óbitos em 14 dias por 1.000.000 de habitantes) apresenta uma tendência crescente, embora esta taxa de mortalidade revele "um impacto moderado da pandemia na mortalidade".

No grupo etário com idade superior ou igual a 65 anos, o número de novos casos de infeção por 100.000 habitantes, acumulado nos últimos 14 dias, foi de 211 casos, valor que se espera vir a aumentar.

A nível nacional, a proporção de testes positivos foi de 4,7% (na semana anterior foi de 4,3%), acima do limiar definido de 4%, indica o relatório, apontando para um aumento do número de testes realizados nos últimos sete dias.

Entretanto, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, admitiu este sábado que estão a ser investigados casos da nova variante do vírus que provoca a covid-19, em pessoas que viajaram de África Austral, mas recusou serem "casos suspeitos".

"Neste momento há casos em investigação. Não pode dizer-se que são casos suspeitos. São casos que estão a ser investigados", afirmou quando questionada pela agência Lusa no final de uma visita ao Centro de Vacinação Covid-19 em São Domingos de Rana, Cascais.

Estes casos reportam-se a Lisboa, mas segundo Graça Freitas, "a qualquer momento pode surgir um alerta em qualquer região do país".

A nova variante do SARS-CoV-2 deixou o mundo em polvorosa em 24 horas. Já foi identificada pela OMS como "preocupante". Sabe-se que foi detetada a 9 de novembro na África do Sul e que já chegou a Botswana, Hong-Kong e Bélgica, mas pode estar em mais países. A UE proibiu voos de sete países africanos para o espaço comunitário.

Assim que a apresentaram, os especialistas sul-africanos manifestaram-se preocupados com a sua transmissibilidade e resistência às vacinas e 24 horas depois a OMS não hesitou em catalogá-la como "preocupante", com base em provas preliminares que sugerem "um risco acrescido de reinfeção" comparativamente com as outras variantes já existentes, como Alpha, Beta, Gamma e Delta.

Ontem mesmo, os 27 Estados membros da UE também concordaram acionar o travão de emergência, impondo a suspensão de voos de sete países da África Austral para o espaço comunitário, nomeadamente de Moçambique, Botswana, África do Sul, Lesoto, Eswatini, Namíbia e Zimbabué.

Portugal, para já, anunciou a suspensão dos voos de e para Moçambique a partir das 00:00 de segunda-feira, 29 de novembro, segundo o Ministério da Administração Interna (MAI), impondo ainda quarentena a passageiros oriundos de um conjunto de países africanos.