Sociedade
02 dezembro 2021 às 12h21

Chefes de equipa de urgência cirúrgica do Hospital Santa Maria voltam a apresentar demissão

O SIM e o Sindicato dos Médicos da Zona Sul alertaram que o banco de urgência cirúrgica no Hospital de Santa Maria não estava a funcionar na manhã desta quinta-feira.

DN/Lusa

Os chefes de equipa de urgência cirúrgica do Hospital Santa Maria reapresentaram o pedido de demissão dois dias depois do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte ter anunciado que tinham chegado a acordo, avançou esta quinta-feira o Sindicato Independente dos Médicos.

"O Conselho de Administração durante o dia de ontem [quarta-feira] voltou atrás perante todos os compromissos que tinham assumido com os chefes de equipa demissionários e neste momento esses colegas reapresentaram os seus pedidos de demissão", disse à agência Lusa o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM).

Jorge Roque da Cunha acrescentou que não foi cumprida a questão dos novos circuitos, do reforço das equipas e "o respeito pelos tempos de descanso e de trabalho máximo por semana".

O SIM e o Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZL) alertaram ainda que o banco de urgência cirúrgica no Hospital de Santa Maria não estava a funcionar hoje de manhã.

"Até às 10:00 de hoje não havia ninguém para fazer urgência porque as escalas de urgência não foram criadas e as exigências dos médicos do serviço de Cirurgia não foram cumpridas", adiantou à Lusa o presidente do SMZL, João Proença.

Já no domingo "não havia ninguém destinado para fazer banco de urgência de cirurgia e hoje também não há", afirmou o dirigente sindical, lembrando que os médicos tinha dado um prazo para "a resolução total dos problemas", nomeadamente "a modificação dos protocolos e a constituição das equipas de urgência".

"Os chefes de equipa ficaram à espera de que isto fosse resolvido e, portanto, como não foi, a situação não está resolvida", vincou João Proença.

Jorge Roque da Cunha afirma que "o Sindicato Independente dos Médicos lamenta profundamente mais esta atitude de falta de respeito perante os médicos e lamenta igualmente a incapacidade em cumprir acordos".

"E lamenta que essa atitude que põe em causa a assistência aos lisboetas na área da cirurgia, que irá perturbar o funcionamento do Serviço de Urgências de Santa Maria, se mantenha impune e com o total silêncio do Ministério da Saúde", sustenta.

O dirigente sindical afirma que "a resiliência destes profissionais" está expressa "nas centenas de horas que este ano já efetuaram", recordando que quando um médico faz 500 horas extraordinárias está a trabalhar mais cerca de 60 dias já que o horário de trabalho são oito horas.

O SIM apela ainda ao Ministério da Saúde para que resolva o problema.

O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) tinha anunciado na terça-feira que tinha chegado a acordo com os especialistas, afirmando que a "grande maioria" das questões relacionadas com organização e distribuição de serviço estavam solucionadas.

Artigoartigo14368828

Os chefes de equipa de urgência, os assistentes hospitalares e internos da formação específica da especialidade de Cirurgia Geral do Departamento de Cirurgia do CHULN tinham alertado na terça-feira que em dezembro a prestação de cuidados de saúde nas urgências poderia estar em causa por falta de médicos.

Numa nota de esclarecimento, divulgada no mesmo dia, os cirurgiões esclarecerem as suas posições das últimas semanas, como a indisponibilidade para realização de horas extraordinárias, demissão dos cargos de chefia de equipas de urgência, e invocação de exclusão de responsabilidade disciplinar face "ao funcionamento anómalo do Serviço de Urgência Central".

Os especialistas afirmam que "a degradação das condições de trabalho" neste serviço, "o número excessivo de horas extraordinárias, equipas subdimensionadas para o trabalho prestado" e a realização de trabalho fora do âmbito da sua especialidade "compromete uma adequada e segura prestação de cuidados de saúde aos doentes na urgência".

Compromete também "a atividade assistencial não urgente e a formação contínua dos médicos do Departamento de Cirurgia", sustentam.

O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) negou entretanto que tenha recuado nos compromissos acordados na terça-feira com os chefes das equipas cirúrgicas do Serviço de Urgência Central do Hospital Santa Maria.

O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) avançou que os chefes de equipa de urgência cirúrgica reapresentaram o pedido de demissão, afirmando que "o Conselho de Administração voltou atrás durante o dia de ontem [quarta-feira] perante todos os compromissos que tinham assumido com os chefes de equipa demissionários".

Contactado pela agência Lusa, uma fonte oficial do CHULN assegurou que "o Conselho de Administração não recuou absolutamente em nada" do que tinha sido acordado na reunião de terça-feira com os chefes das equipas cirúrgicas da Urgência.

Assegurou ainda que "a urgência cirúrgica está a funcionar e a dar resposta aos doentes que acorrem ao serviço", negando a informação avançada pelo SIM e pelo Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZL) de que o banco não estava a funcionar hoje de manhã.

"Hoje não havia ninguém para fazer urgência porque as escalas de urgência não foram criadas e as exigências dos médicos do serviço de Cirurgia não foram cumpridas", adiantou à Lusa o presidente do SMZL, João Proença, uma situação corroborada pelo secretário-geral do SIM.