Sociedade
01 dezembro 2021 às 15h26

Centro Europeu de Controlo de Doenças aceita vacinação em crianças dos 5 aos 11 anos

O Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC- sigla inglesa) anunciou há momentos que recomenda a vacinação para a faixa etária pediátrica, entre os 5 e os 11 anos, referindo que todas as crianças podem ser vacinadas, embora considere mesmo que as que têm fatores de risco devem mesmo ser.

Seguindo a recomendação da Agência Europeia do Medicamento (EMA - sigla inglesa), o Centro Europeu de Controlo de Doenças, aceita que "as crianças com idades entre 5 e 11 anos sejam vacinadas", mas considera que as que têm fatores de risco devem ser vacinadas como grupo prioritário.

De acordo com o documento publicado há pouco no seu site, o ECDC assume que segue as considerações da EMA, datadas de 25 de novembro, aceitando a vacinação das crianças de forma geral para esta população, no entanto, deixa também que sejam os países a decidir se o devem fazer ou não relativamente às crianças que não têm fatores de risco. O mesmo já não acontece na faixa pediátrica com outras comorbilidades ou fatores de risco. Esta deve ser vacinada como qualquer outro grupo prioritário, refere o documento. "As crianças entre os 5 e os 11 anos, que estão em risco de COVID-19 grave devem ser consideradas um grupo prioritário para a vacinação, como em outras faixas etárias", lê-se no texto.

Segundo ECDC, e após a análise de vários dados, é fidedigno que "as taxas de hospitalização e a proporção de casos hospitalizados com COVID-19 em crianças dos 5 aos 11 anos aumentaram, em linha com os casos em outras faixas etárias", embora "permaneçam em níveis muito mais baixos nas crianças do que em adultos".

No entanto, na sua posição o ECDC refere que, mesmo nas "crianças sem fatores de risco conhecidos", também "há suscetibilidade a doença grave e hospitalização, portanto, deve ser considerada a vacinação de todas as crianças entre os 5 e os 11 anos de idade", embora deixe esta recomendação ser aceite ou não aos países tendo "em consideração a epidemiologia do SARS-CoV-2 em nível nacional" .

A autoridade europeia para o controlo de doenças alerta desde logo para o facto de "o impacto da vacinação nas crianças seja mais fraco em países com baixa taxa de vacinação em adultos e mais forte em países com alta taxa de vacinação em adultos". Argumentando mesmo que "a vacinação de crianças não pode ser considerada um substituto da vacinação dos adultos".

Ao mesmo tempo, sublinha, que "o aumento da taxa de vacinação na população adulta elegível continua a ser a principal prioridade das campanhas de vacinação contra a covid-19", devendo esta reduzir a morbidade e a mortalidade relacionadas com esta infeção.

As oportunidades potenciais oferecidas pela vacinação de crianças devem ser consideradas no contexto dos níveis gerais de aplicação da vacina e da situação epidemiológica numa determinada região/onde tal vacinação é implementada.

Recorde-se que hoje mesmo, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciava que as vacinas pediátricas começavam a chegar à Europa no dia 13 de dezembro.

Esta decisão do ECDC surge depois de a EMA ter autorizado, na semana passada, a entrada no mercado da vacina da Pfizer/BioNtech para a faixa etária dos 5 aos 11 anos, fundamentando que, neste momento, já não havia dúvidas quanto à segurança e eficácia destas. E, segundo explicava, esta decisão surgia com base na análise dos resultados obtidos durante o ensaio clínico conduzido pelas farmacêuticas, que envolveu 2268 crianças. Destas 1517 receberam a vacina e as restantes um placebo (substância inócua).

No primeiro grupo, a vacina apresentou uma eficácia da ordem dos 90,7% para a transmissão, já que daquele total só 3 foram infetadas peloSARS CoV-2, enquanto no segundo grupo houve 16 que foram infetadas. No mesmo ensaio, não foram registadas situações de miocardite, que era uma das preocupações como efeito colateral da vacina. No enato, a Pfizer já veio dizer que, embora não tenham sido registados casos nestes grupos, não quer dizer que estas situações não possam acontecer, embora de forma muito esporádica.

A dose pediátrica reúne duas doses de uma fração de 10 microgramas da vacina, um terço do volume da dose administradas em pessoas com mais de 12 anos.

Em Portugal, a Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP) já anunciou que a vacinação é "segura e eficaz" nesta faixa etária, manifestando-se a favor ao afirmar que "nãos e opõem à vacinação de crianças" e de que "vale a pena", se reduzir confinamentos nas escolas, uma opinião que é bem diferente da que foi apresentada em abril, quando reforçava a necessidade de haver ensaios clínicos para se obter mais evidência científica sobre o assunto.

Posição diferente tem o grupo de peritos, que reúne pediatras, cardiologistas, enfermeiros e outros representantes da área da Saúde, que apoia a Comissão Técnica de Vacinação da DGS, que já se pronunciou contra a vacinação entre os 5 e os 11 anos, defendendo que esta deve ser apenas administrada a casos de risco acrescido.

Isto mesmo apresentou em parecer à DGS, embora a sua função, e como o explicitou no sábado a diretora-geral, seja apenas "consultiva para a Comissão Técnica de Vacinação", sendo esta que irá produzir parecer final para a DGS que depois o entregará à tutela.

A faixa etária das crianças, sobretudo entre os 0 aos 9 anos, é aquela em que se tem vindo a registar maior aumento de incidência da doença nos últimos dois meses, levando ao isolamento de muitas turmas.

O primeiro-ministro ais de 700 mil doses, que devem chegar a território nacional no dia 21 de dezembro. A própria diretora-geral da Saúde já se manifestou favorável a esta vacinação. Contudo o tema não é consensual mesmo dentro da comunidade de pediatras, havendo quem a defenda, até pelo bem comum e combate à pandemia, mas quem seja contra por entre esta faia etária a manifestação da doença não ser grave, recomendado a vacina só para crianças de risco.

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