Sociedade
10 agosto 2022 às 06h18

PSP identificou mais de 120 adeptos do Hadjuk Split após distúrbios em Guimarães

Cafés vandalizados e violência nas ruas do centro histórico e Guimarães, relataram testemunhas. O presidente da Câmara exige que os "arruaceiros" não entrem no estádio.

DN/Lusa

A Polícia de Segurança Pública (PSP) identificou mais de 120 adeptos do clube de futebol croata Hadjuk Split por alegadamente terem arremessado cadeiras e tochas no centro histórico de Guimarães, distrito de Braga, na noite de terça-feira.

Num comunicado divulgado esta quarta-feira, o Comando Distrital de Braga da PSP confirma ter recebido queixas sobre "aproximadamente 100 indivíduos" a "causar distúrbios", incluindo "arremesso de mobiliário de esplanadas e deflagração de artefactos pirotécnicos" por volta das 22:30 de terça-feira.

A PSP diz que os adeptos abandonaram depois Guimarães em cinco autocarros com destino ao Porto.

"Após estarem reunidas todas as condições de segurança", a PSP abordou os autocarros e identificou 122 cidadãos croatas, 23 portugueses e nove adeptos de outras nacionalidades, tendo ainda apreendido "um pote de fumo, uma soqueira e um passa-montanhas".

A PSP sublinhou ainda que, "até ao momento, não foram reportados danos significativos nos estabelecimentos, feridos ou apresentadas denúncias criminais".

Vários adeptos do clube de futebol croata Hadjuk Split arremessaram na noite de terça-feira cadeiras e tochas no centro histórico de Guimarães, confirmou à Lusa a PSP.

De acordo com a Polícia de Segurança Pública (PSP), tratou-se de "um pequeno incidente sem quaisquer consequências ou danos físicos ou patrimoniais, até ao momento".

"Foi uma alteração momentânea de um grupo de adeptos", salientou fonte da PSP.

Vídeos publicados nas redes sociais dão conta de tochas arremessadas para o espaço público e contra edifícios na rua Alfredo Guimarães, entre a praça da Oliveira e o Museu de Alberto Sampaio, ouvindo-se sons de vidros a partir. Em fotografias também publicadas veem-se esplanadas danificadas.

Na terça-feira, véspera do duelo entre Vitória de Guimarães e Hajduk, para a segunda mão da terceira pré-eliminatória da Liga Conferência Europa, uma das pessoas na praça da Oliveira às 22:30, Paulo César Gonçalves, disse à Lusa que começou a ver "pessoas descansadas nas esplanadas" a correrem e depois um grupo de pessoas com "adereços e cachecóis na cara", de cores azuis, vermelhas e brancas, com "cadeiras na mão e tochas".

"Atiraram-nas e lançaram tudo o que tinham à mão, mas sem entrarem em confronto físico, como a marcarem posição. Depois correram na direção do Museu de Alberto Sampaio [para sul] e passado pouco tempo voltaram. Correram pela rua da Rainha [para oeste]", descreveu.

O cidadão disse ainda que alguns dos proprietários de estabelecimentos naquela área ligaram à PSP, sem obterem qualquer resposta.

Após a derrota da primeira mão, por 3-1, na Croácia, o Vitória de Guimarães recebe esta quarta-feira o Hajduk Split, para a segunda mão da terceira pré-eliminatória da Liga Conferência Europa, agendado para as 17:00, no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães.

Os dias que têm antecedido o jogo têm ficado marcados por algumas provocações entre os jogadores de ambas as partes. O médio Lukas Grgic, titular pelo Hajduk na primeira mão, disse ter visto "medo nos olhos" dos jogadores vimaranenses e descartou que o ambiente do Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães, se possa comparar ao do Poljud, em Split.

Bruno Varela referiu que essa declaração quer "tentar criar picardia ou polémica" e que foi proferida por parte de um jogador que "não conhece o Vitória e a cidade de Guimarães" e não sabe que "medo" é palavra ausente no "dicionário" do plantel às ordens de Moreno.

O presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança, exigiu esta quarta-feira que os "arruaceiros" adeptos do Hajduk Split identificados pela PSP sejam impedidos de assistir ao jogo que esta tarde vai ser disputado no D. Afonso Henriques.

Domingos Bragança disse ainda que a PSP "falhou" ao ter deixado aqueles adeptos à solta na cidade de Guimarães, sublinhando que o Hajduk Split tem uma claque com "fama e má reputação de serem muito conflituosos e arruaceiros".

"Há cadastro e não houve planeamento, algo falhou. Houve essa falha [de segurança], porque nos planos da PSP devia estar prevista esta possibilidade. Não é só no dia de hoje, porque os adeptos deste clube que nos visita da Croácia tem fama e esta má reputação de serem muito conflituosos e arruaceiros", referiu o autarca socialista.

Para Domingos Bragança, os adeptos em causa configuram "uma horda de criminosos" que "instalaram o pânico" em Guimarães, numa altura em que "as pessoas estavam a jantar e a conversar" no centro histórico.

"Houve prejuízos materiais, mas o prejuízo mais significativo é este da segurança. Uma cidade tranquila e segura não pode ter esta reputação, caso a caso, longe a longe, por causa de visitantes que vêm a Guimarães", disse ainda o autarca.

Para Domingos Bragança, a polícia "tem de ser mais forte" e, "quando não tem força, como mostra não ter nestes casos, tem de pedir reforços".

Além disso, considerou que também a Polícia Judiciária "tem de estar atenta para cortar este mal pela raiz" e que o Ministério Público "também tem de atuar".

"Estes energúmenos identificados deveriam ser detidos durante todo o dia de hoje para prestarem declarações ao tribunal, de modo a que não consigam sequer vir à cidade nem tão pouco assistirem ao encontro de futebol", exigiu.

O presidente da câmara disse esperar que hoje "esteja tudo em alerta e tudo reforçado", adiantando que pediu ao Ministério da Administração Interna o reforço da polícia e a "articulação" com a Polícia Judiciária e com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, para detenção dos adeptos em questão.

Notícia atualizada às 13.11