Por isso os exames de rotina, mesmo sem qualquer tipo de sintoma, são tão importantes. Veja-se o caso de Susana Gabriel, arqueóloga, que nunca teve qualquer tipo de sintoma. Aos 35 anos, num exame de rotina, levado a cabo pela sua médica, que por ser uma nova paciente foi mais minuciosa, o que, talvez, um médico de família, com consultas regulares, não fizesse. Ao fazer uma "simples" auscultação apercebeu-se que o coração de Susana batia a duas velocidades. Diagnóstico: insuficiência cardíaca, uma doença que só se resolve com um transplante de coração. À parte disso o tratamento possível passa pela utilização do CRTD, um equipamento (semelhante a um telemóvel) que recolhe os dados do paciente e os envia para o cardiologista. Ou seja, é algo que tem de estar sempre "connosco". Fora isso, como refere Susana, é tomar a medicação a horas e tentar não stressar muito.
Gonçalo Proença, cardiologista do Hospital de Cascais, por outro lado, realça a importância de estes doentes terem um acesso privilegiado aos profissionais que cuidam deles. Para que sempre que tiverem uma dúvida ou sofram qualquer tipo de sintoma possam ser ajudados. Um papel que, para Américo Gonçalves, empresário na restauração e que um ataque de miocárdio deixou entre a vida e morte, é o de conselheiros. Os primeiros conselheiros. O empresário dá o seu caso como um exemplo do que não se deve fazer, dizendo que se tivesse prestado atenção e se tivesse ido ao médico com regularidade provavelmente não teria tido o enfarte. Hoje vive condicionado pela medicação e qualquer coisinha o cansa. Se antes conseguia tocar piano por horas e horas hoje bastam poucos minutos para ter de desistir.