Verdes "escandalizados" com declarações da EDP querem suspensão da obra
O Partido Ecologista "Os Verdes" disse hoje estar "escandalizado" com as declarações "inadmissíveis" da EDP sobre o acidente nas obras da barragem de Foz Tua e defende que as obras devem parar.
"O Partido Ecologista "Os Verdes" está escandalizado e chocado com as declarações proferidas por responsáveis da EDP relativas ao acidente nas obras da Barragem de Foz Tua, em que morreram 3 trabalhadores", afirma em comunicado hoje divulgado.
O partido considera que "numa atitude despudorada e desonesta, a EDP tenta fazer uma associação entre este acidente e o acidente ocorrido em fevereiro de 2007 na Linha do Tua, atribuindo-lhes 'causas naturais'".
Para Os Verdes, a EDP pretende com tal comparação "fazer como Pôncio Pilatos e lavar as mãos das suas responsabilidades, em matéria de segurança no trabalho, e esconder o facto que este é já o terceiro acidente diretamente relacionado com a construção da barragem".
Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão.
Recordam que "o primeiro ocorreu ainda durante a fase de estudo de impacto ambiental e levou à morte de um geólogo [e] o segundo ocorreu no mesmo lugar, em agosto de 2011, tendo provocado vários feridos."
O partido ecologista explica mesmo que "estando a EDP a levar a cabo rebentamentos na zona, a empresa tinha por obrigação reforçar as medidas de segurança no local visto que criam instabilidades de ordem diversa nas zonas de encosta".
"Ao atribuir 'causas naturais' aos dois acidentes, a EDP tenta fazer passar a mensagem de imprevisibilidade e impossibilidade de prevenção", dizem Os Verdes que assinalam como o "acidente ferroviário de 2007 poderia ter sido prevenido se a Linha [do Tua] tivesse um sistema de deteção de queda de obstáculos, tal como existe na Linha da Beira Baixa".
Sugerem ainda que "se alguma comparação pode ser feita entre estes dois acidentes é na falta de segurança e na falta de medidas de prevenção que eles denunciam e não nas ditas 'causas naturais' às quais a EDP dá jeito atribuir a origem".
Por isso mesmo, "consideram que não deve haver dois pesos e duas medidas e que as conclusões que serviram de pretexto ao encerramento da Linha do Tua deveriam agora ser aplicadas às obras da Barragem de Foz Tua".
Adiantando o partido que irá "exigir explicações em sede parlamentar", sublinha ainda que os deputados que hoje rejeitaram o Projeto de Resolução que previa a suspensão das obras "perderam uma grande oportunidade de contribuir para a salvação de um património cultural ímpar e de um potencial de desenvolvimento endógeno que tanto faz falta a Trás-os-Montes".
"Estes Deputados terão de responder, coletiva e individualmente, perante a sociedade portuguesa, pelo papel que assumiram de coveiros da Linha do Tua e, quem sabe, do Alto Douro Vinhateiro", remata o comunicado.