Universidades europeias em Lisboa para debater financiamento conjunto
Encontro. Nova é a anfitriã de instituições como o King"s College e a Sorbonne. Instituições querem desenvolver mestrados profissionais em conjunto e concorrer a fundos da UE
Uma boa parte da elite do ensino superior europeu, do King"s College de Londres à Universidade de Paris-Sorbonne, estará representada , hoje e amanhã, num encontro em Lisboa onde serão analisados os 15 anos desde o arranque do Processo de Bolonha, no ensino superior ,e discutidas estratégias comuns para captar fundos, alunos e implementar projetos de investigação.
A reunião da Rede Institucional das Universidades das Capitais Europeias (UNICA) tem como anfitriã a Universidade Nova de Lisboa, cujo reitor, António Rendas, disse ao DN que "A apresentação conjunta de candidaturas ao Programa Erasmus +", da União Europeia, será uma das prioridades.
"Esse programa tem alguns pilares fundamentais e um deles são as knowledge aliances (alianças de instituições cque contribuem para o conhecimento). E a rede UNICA, criada já há 24 anos, parte em vantagem nessa corrida: "Somos uma rede que já existe, integrando instituições como a Universidade Livre de Bruxelas, a Sorbonne, o King"s College, as Universidade de Estocolmo e de Madrid", ilustrou. "Já nos conhecemos. E isso permite que haja uma muitomaior partilha informasção entre elas, que já existe. Não é preciso as pessoas inventarem pretextos para se juntarem: Já estão juntas", resumiu, revelando que os "mestrados profissionalizantes" serão uma das apostas.
Bolonha "valeu a pena"
A Universidade de Lisboa é a outra representante portuguesa nesta rede, cabendo-lhe atualmente a gestão de um projeto conjunto sobre economia verde. Já a Nova é a responsável pelo Processo de Bolonha e pelas aprendizagens, motivo pelo qual serve de sede ao encontro que assinala os 15 anos desta transformação no sistema de graus e diplomas dos países europeus, que foram uniformizados para poderem ser mutuamente reconhecidos.
A propósito do processo - que em Portugal foi implementado pelo anterior Governo - António Rendas disse não ter dúvidas de que "valeu a pena", apesar da muito polémica que causou.
Se nós pensarmos que o primeiro grande objetivo era a livre circulação dos nossos licenciados no espaço europeu, e uma acreditação da nossa formação universitária,. foi muito positivo", considerou. "Foi feito com muito empenho das instituições. Há uns anos atrás, as pessoas faziam interrails. Agora, têm a possiiblidade de ir a instituições da Europa fazer as suas formação, assim como nós recebemos aqui alunos europeus".
Se a internacionalização tem sido elogiada por todas as partes - incluindo pelos alunos - há outros aspetos da forma como Bolonha foi implementado em Portugal que continuam a gerar controvérsia. Desde logo, a forma como muitas instituições dividiram os currículos nos novos primeiros ciclos de três anos - que em Portugal passaram a equivaler à licenciatura - e nos segundos ciclos, de dois anos, equiparados a mestrados: " A organização curricular tem de ser melhorada" , admitiu(ver entrevista) .
Duas perguntas a António Rendas:
O mercado de trabalho em Portugal nunca aceitou bem as licenciaturas de três anos de Bolonha. O que correu mal?
Isso aconteceu por duas razões: primeiro porque tinham algum fundamento. Efetivamente, em alguns casos, houve uma compressão dos currículos. E depois por outra razão terrível: não foi informado. Não houve tempo para o explicar aos empregadores. À maneira portuguesa, pusemos o carro à frente dos bois.Houve países da União Europeia em que as instituições receberam verbas para preparar o Processo de Bolonha. Em Portugal isso não aconteceu.
Ainda há muito a melhorar?
Essa é uma das razões pela qual se tem de continuar a falar de Bolonha. Muita coisa tem de melhorar. Nomeadamente a "burocratite" aguda, que olha mais para os "andaimes" dos currículos do que para os conteúdos.