Autarcas de Setúbal e Sesimbra criticam decisão do Governo
Os autarcas de Setúbal e de Sesimbra criticaram hoje, e a decisão do Governo de cancelar investimentos em troços da subconcessão rodoviária Baixo Tejo, preocupados com "cortes cegos" do executivo e com o "retrocesso" da região.
"É muito mau para o desenvolvimento económico, para as populações, para os concelhos que seriam beneficiados por esses investimentos", disse à Lusa a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira (CDU).
Posição idêntica é assumida pelo presidente do Município de Sesimbra, Augusto Pólvora (CDU): "Há alguns cortes cegos que nos preocupam".
Para o presidente da Junta de Freguesia da Costa da Caparica, António Neves (PSD), "este Governo está a fazer um trabalho idêntico ao do Governo anterior ao tomar decisões sem consultar os autarcas envolvidos nessas mesmas decisões".
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O autarca da Costa da Caparica anunciou em declarações à Lusa que vai pedir esclarecimentos ao ministro da Economia e ainda hoje mostrar o seu desagrado ao primeiro-ministro por considerar "a estrada [entre a Costa de Caparica e a Fonte da Telha] é extremamente importante para o desenvolvimento da Costa da Caparica"
"Não podemos continuar a viver como vivíamos há 50 anos", sustentou.
Fonte do Ministério da Economia confirmou hoje à Lusa que o Governo vai cancelar o investimento na subconcessão de seis dos dez troços da Baixo Tejo, o que representa uma poupança de pelo menos 270 milhões de euros.
A concessão Baixo Tejo integra a construção do lanço de autoestrada do IC32 (Circular Interna da Península de Setúbal (CRIPS) Funchalinho/Coina, a construção da ER 377-2, entre a Costa de Caparica e a Fonte da Telha, e a manutenção de vias já em serviço.
Contactada pela Lusa, a autarca de Setúbal admitiu que o seu concelho não é "um dos municípios de primeira linha" a ser afectado, mas é prejudicado: "Para já, não auguro nada de positivo com a paragem destes investimentos".
Para Maria das Dores Meira, esta decisão, a juntar à extinção do projecto Arco Ribeirinho Sul, já anunciada pelo Governo, significa "um retrocesso" da Península de Setúbal.
"Estamos a ter algum retrocesso na região de Setúbal, tão esquecida durante décadas e onde, neste momento, se vislumbrava algum investimento do Poder Central", frisou.
O presidente da Câmara de Sesimbra também disse não entender "a suspensão das obras" da Baixo Tejo e lembrou que os investimentos eram "reivindicados há décadas".
"Correspondiam a compromissos assumidos e fazem falta às ligações intermunicipais nestes concelhos", argumentou.
O autarca relacionou ainda esta decisão com outras medidas que considera negativas para a região já anunciadas pelo Governo, como a da "suspensão do Hospital do Seixal" e "o projecto da frente ribeirinha do Tejo".
"É preocupante ver que as primeiras medidas do Governo em relação à Península de Setúbal são todas no sentido de cortar investimentos fundamentais para o futuro das populações e dos concelhos desta região", criticou.
Quanto ao vice-presidente do Município do Montijo, Nuno Canta, disse que o cancelamento das obras da Baixo Tejo tem "um impacto mínimo" no seu concelho.
Mais grave, frisou, é "a suspensão do novo aeroporto internacional" de Lisboa, que "limita o desenvolvimento económico" local e nacional.