Alunos assustados com morte de colega

A morte de jovem de 14 anos com sintomas de gripe levou pais e alunos da escola que frequentava a pedir que fosse desinfectada. Responsáveis garantem que não é preciso. Alunos dizem que escola não tem desinfectante para as mãos

Pais e alunos da Escola E.B. 2,3 de Olaias, em Lisboa, onde estudava o jovem de 14 anos que morreu com sintomas de gripe A, estão assustados e ontem pediram o encerramento e a desinfecção das instalações, denunciando a falta de desinfectantes. Os alunos do 7º, 8º e 9º ano apareceram no protesto com T-shirts com a fotografia de André, o colega que faleceu na segunda-feira e cujas as causas da morte estão a ser investigadas pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa.

Perante os protestos, o director da escola, Francisco Simões, garante serem cumpridas todas as normas e que não há falta de desinfectantes. Na escola, frequentada por 670 alunos, há neste momento cinco estudantes em casa com gripe. Francisco Simões, avançou que a escola não vai fechar nem ser desinfectada e que segunda-feira estará a funcionar.

Ao final da manhã já não restavam mais de vinte alunos à porta. Muitos acabaram por entrar e outros estiveram na reunião com encarregados de educação, o director da escola, a delegada de saúde e o director regional de educação. As autoridades aproveitaram para descansar os pais e os jovens, garantindo que não há qualquer risco de contágio e que não é necessário recorrer à desinfecção nem ao encerramento das instalações.

"Explicámos aos pais e aos alunos que o vírus morre em poucas horas e que fizemos uma limpeza reforçada. Os pais ficaram esclarecidos com as explicações", explicou ao DN Francisco Simões. O responsável reconhece que este é um trabalho de esclarecimento que tem de ser persistente". Já que cada vez que há casos mais graves de gripe A nas escolas os pais pedem que estas fechem e seja desinfectadas.

O director regional de educação, José Joaquim Leitão, garantiu que a escola cumpre todas as normas de combate à gripe A, tal como a maioria dos estabelecimentos. O Ministério da Educação indicou também ao DN que as escolas estão a pedir os reforços para comprar desinfectantes e que o processo de entrega de verbas é "relativamente rápido".

Albino Almeida, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), sublinha também que a desinfecção das escolas não é garantia de que o vírus deixe de afectar as crianças. Mas "quando a mensagem não passa pode ser preciso tomar estas medidas", admite. O dirigente acrescenta que se a desinfecção servir para acalmar as pessoas então pode ser feita, mas apenas em situações em que os pais continuem preocupados depois de ouvir as explicações técnicas.

As reacções de alarme e medo são difíceis de controlar e de prever, avisam os psicólogos, mas podem ser minimizadas com a distribuição de informação. "Não podemos evitar estas reacções. O que se pode tentar é fornecer informação", refere o psicólogo clínico Jorge Gravanita. "Quando acontece uma situação inesperada, como esta, isso cria medo", explica a psicóloga da adolescência Marina Carvalho. A técnica diz que tem havido muita informação sobre a gripe A, mas frisa que sempre que há estes casos se deve tranquilizar as pessoas com mais dados.

Os ministérios da Educação e da Saúde apostam nesta estratégia e publicaram na quinta-feira um guia de procedimento para as escolas em que aconselhavam a esclarecer todas as dúvidas (ver caixa).

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