Acordeão oferece música erudita nesta quadra natalícia

A Igreja da Memória, na Ajuda, e o acordeão são as duas estreias naquela que é a VII edição do evento Natal em Lisboa - Concertos em Igrejas. Feliz com o convite da Câmara Municipal de Lisboa (CML) para participar nesta iniciativa, "já que não é muito usual aparecerem acordeões em igrejas", o acordeonista Gonçalo Pescada garantiu ao DN que "é possível tocar música erudita num acordeão".

E é isso mesmo que este músico e professor de 30 anos, natural de Faro, vai provar a quem for assistir ao terceiro dos oito concertos que entre amanhã e o dia 20 deste mês vão povoar as igrejas da Baixa de Lisboa com melodias alusivas ao Natal, e não só... E se tocar em igrejas já não é uma novidade para si, tocar na de Nossa Senhora do Loreto, "que tem uma boa acústica", e acompanhado de um violino é "seguramente um desafio". Gonçalo não tem dúvidas de que o Duo Violino e Acordeão vai ser "uma experiência muito interessante porque o som do violino com o do acordeão funde-se muito bem".

Para quem acordeão é sinónimo de música popular, Gonçalo pede para acreditarem no convertor que permite ao seu acordeão construir harmonias nota a nota e, através dos vários registos, imitar, por exemplo, o som do órgão. Será por isso possível passar de uma sonata de Bach a um tango de Piazzolla num ápice.

A abertura da iniciativa, que pelo segundo ano consecutivo é organizada por uma parceria entre a Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC) e a CML através da sua Direcção Municipal de Cultura, está a cargo da Associação Musical Lisboa Cantat, que vai actuar amanhã na Igreja de São Nicolau.

"Como este ano o convite foi feito em cima da hora, propusemos que o nosso coro sinfónico tocasse o repertório que está a gravar, mas, como se trata de canções regionais, o pároco não permitiu. Para acudir ao pedido da CML decidimos então que actuaria o nosso coro de câmara, que tem um repertório de música sacra", explicou ao DN a presidente da associação, Helena Carvalho Pereira.

Percalços que fazem parte da organização de uma iniciativa que, segundo o presidente da EGEAC, Miguel Honrado, "é muito bem acolhida e leva mesmo muitos concertos a esgotarem". E se o facto de a entrada ser livre ajuda, segundo Miguel Honrado, isso deve-se muito "à programação ecléctica, que cruza a música clássica com a contemporânea". Desta forma, refere, é possível mostrar aos vários públicos o património da cidade através das igrejas que são emblemáticas e "dinamizar a oferta cultural no centro da cidade".

Paula Cerejeiro, da Direcção Municipal de Cultura, adianta que há sempre uma forte aposta nos autores portugueses, como é o caso de Eurico Carrapatoso ou Fernando Lopes-Graça.

Mais Notícias

Outros Conteúdos GMG