Sócrates sem oposição interna no congresso
Caiu em saco roto o apelo de José Sócrates, lançado no domingo passado na Comissão Nacional do PS, de que o próximo congresso socialista seja clarificador do ponto de vista político e para que sejam apresentadas diferentes ideias para debate interno.
Os dois principais críticos da orientação actual do Largo do Rato, António José Seguro e Manuel Maria Carrilho, afastam a hipótese de avançarem agora contra Sócrates. E se Seguro admite estar presente no início de Abril no conclave socialista (mas recusando subscrever moções e abrindo a porta à participação em órgãos do partido), já Carrilho diz que "a seu tempo se verá" se vai ao congresso.
A confirmar-se a sua presença, aquele que foi embaixador de Portugal junto da UNESCO, até ao ano passado, Manuel Maria Carrilho arrisca uma recepção tão "calorosa" como a monumental vaia que recebeu em tempos guterristas, num congresso onde foi a voz dissonante à época.
Ontem, ao jornal i, o antigo ministro da Cultura recusava-se a responder ao desafio de Capoulas Santos, director de campanha da candidatura do líder do PS, de avançar com uma candidatura às eleições directas de 25 e 26 de Março. "Seria natural que os sectores críticos aparecessem agora. Carrilho é um bom exemplo", apontou Capoulas. "Não tenho nada a dizer", contrapôs Carrilho.
Neste pingue-pongue de acusações mais acesas parece ficar de fora o deputado António José Seguro, que já disse que qualquer eventual candidatura sua só acontecerá quando Sócrates deixar a liderança - não é daqui que vem um desafio imediato à liderança do actual primeiro-ministro.
Mesmo Fonseca Ferreira, antigo presidente da CCDR de Lisboa e Vale do Tejo - que constituiu uma corrente alternativa à direcção de Sócrates e chegará ao congresso do PS com 11% de representantes na Comissão Nacional e na Comissão Política -, apenas admite colocar a debate uma moção estratégica diferente da de Sócrates. O líder fica sem adversários nas urnas socialistas.