"Sistema de defesa anti-míssil é um jogo perigoso"
A opção da NATO na cimeira de Lisboa vai implicar maior eficácia operacional e a utilização de novos e mais perigosos tipos de armamentos, considerou Walter Baier, coordenador da rede europeia "Transform!".
"A actual situação é muito perigosa e a escolha que obviamente a NATO fará durante a cimeira de Lisboa será uma orientação para a utilização de armamentos mais perigosos, na perspectiva de maior eficácia operacional", referiu o economista austríaco, 56 anos e responsável em Viena "por uma rede que engloba 22 fundações políticas de esquerda, publicações políticas, todas dedicadas à pesquisa e educação política".
Na perspectiva do activista, o objectivo consiste em "garantir superioridade face aos países que a NATO, e sobretudo o ocidente, consideram como obstáculos para o seu esforço global".
Um projecto que assenta na criação do sistema de defesa anti-míssil e dirigido contra uma série de Estados "já identificados", como refere.
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"Em simultâneo a cimeira vai debater a modernização das armas nucleares. Penso que é a principal questão. Ao contrário de serem iniciadas discussões sobre o desarmamento, como foi anunciado pelo Presidente dos EUA Barack Obama na última cimeira, as decisões agora anunciadas vão numa direcção totalmente oposta", sublinha.
Numa referência aos países visados pelo novo sistema de defesa aliado, o responsável pela "Transform!" não tem dúvidas em eleger o Irão, apesar de criticar a natureza "teocrática e reaccionária" do regime de Teerão e manifestar "apoio total" aos movimentos democráticos iranianos empenhados na mudança política interna.
"Mas em simultâneo devo dizer que a questão da democratização do Irão não pode ser resolvida por meios militares. O isolamento do Irão é um pretexto para impor o sistema de defesa anti-míssil, que há alguns anos era motivo de controvérsia na NATO. É um jogo perigoso, e para mais não existe a evidência que o Irão possua capacidade nuclear para ameaçar a Europa ou mesmo os Estados Unidos. É um pretexto para criar o escudo de defesa estratégico, e que também é um grande negócio", sustenta.