Quem aceita cargo político aceita escrutínio das conversas
O líder parlamentar do PSD, Aguiar-Branco, defendeu hoje que quem aceita um cargo político aceita o escrutínio das suas palavras, das suas conversas, fica moralmente obrigado a prestar contas aos eleitores e tem de ser exemplar.
José Pedro Aguiar-Branco falava no final das jornadas parlamentares do PSD, num hotel de Espinho, a propósito do combate à corrupção.
O líder parlamentar do PSD sustentou que existe em Portugal uma crise de confiança na economia e no sistema judicial e que este último, no entender dos portugueses, "tem dificuldades" em combater "o problema da corrupção".
"A crise de confiança atinge, especialmente, quem exerce cargos políticos ou de nomeação política. Recuperar a dignidade do exercício das funções públicas e políticas é, assim, uma preocupação que diariamente deve orientar os nossos actos", considerou.
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Em seguida, Aguiar-Branco disse que "ninguém é obrigado a aceitar um cargo político"; acrescentando: "Quando aceitamos um cargo político aceitamos o escrutínio das nossas palavras, das nossas conversas. Aceitamos porque somos moralmente obrigados a prestar contas a quem nos elegeu".
"Quem aceita um cargo tem de ter uma atitude exemplar, seja um presidente de junta ou um primeiro-ministro. Não há desculpas. E não há retoma sem que os portugueses confiem em quem elegeram", defendeu.
De acordo com o ex-ministro da Justiça, a situação económica do país deve-se, em parte, à falta de confiança dos empresários no Governo, que acusou de ser "dirigista" e de decidir "que empresas podem ou não fazer negócios, que empresas podem ou não ser apoiadas".
"Onde há dirigismo na economia há suspeita, há desperdício de dinheiro dos contribuintes e há uma cultura propícia à corrupção", disse.
Aguiar-Branco alegou que "os empresários nacionais e internacionais não confiam neste Governo para aplicarem aqui os seus investimentos".
"A crise não se resolve injectando milhões, A crise resolve-se injectando confiança. Confiança em quem gere o nosso dinheiro, em quem gere os nossos recursos", rematou.
IEL.