"PSP nunca se mostrou contra a realização da festa no Marquês"

Autarca diz que PSP apenas deu parecer negativo à venda de bebidas e ao posicionamento e forma do palco.

O presidente da Câmara de Lisboa disse hoje que a Polícia de Segurança Pública nunca se mostrou contra a realização da festa do Benfica no Marquês de Pombal, tendo-se oposto apenas à venda de bebidas e ao palco.

Fonte da PSP garantira na terça-feira que a polícia defendia uma solução semelhante à do ano passado, quando foi montado um palco no fundo do Parque Eduardo VII, tendo sido essa a posição que manifestou nas reuniões com a Câmara de Lisboa.

Esta informação foi avançada, nesse dia, pela Rádio Renascença e confirmada à Lusa por fonte da PSP, que garantiu que aquela força de segurança se manifestou preocupada até ao último minuto e os elementos policiais foram para o local com o coração nas mãos.

Fonte ligada ao processo confirmava à Lusa que a PSP deu parecer negativo aos festejos do Benfica no Marquês de Pombal, alegando que o modelo concebido não era adequado em termos de segurança.

Fernando Medina, que falava em conferência de imprensa nos Paços de Concelho garantiu que "tendo em vista a preparação dos festejos, realizaram-se sete reuniões preparatórias, duas das quais no terreno, entre responsáveis da Polícia de Segurança Pública [PSP], Câmara e Benfica, com vista a preparar um evento de grande exigência e perplexidade, para evitar riscos de anos anteriores e para melhorar o conforto e a segurança" dos adeptos.

O autarca acrescentou que, "em todas as reuniões preparatórias, a PSP nunca se mostrou contra a realização da festa no Marquês [de Pombal] e a sua realização não foi desaconselhada". Segundo este responsável, a PSP apenas transmitiu à Câmara e ao clube o "seu parecer negativo relativo a dois aspetos muito específicos: a colocação de quiosques de venda de bebidas e ao posicionamento e à forma do palco". Preocupações que, segundo Medina, o município salvaguardou. "Nada do que aconteceu no Marquês de Pombal teve a ver com esses receios", frisou.

O presidente da Câmara de Lisboa lamentou ainda que uma semana após os incidentes na festa do Benfica no Marquês de Pombal não tenha havido informação do Ministério da Administração Interna sobre as diligências para identificar os responsáveis.

"Quase uma semana depois dos eventos, não houve, por parte do Ministério da Administração Interna [MAI], qualquer informação sobre as diligências tidas quanto à identificação e responsabilização dos causadores dos incidentes", disse Fernando Medina.

"Eu, pessoalmente, e vários responsáveis da Câmara, temos mantido contactos com elementos da PSP e do MAI no sentido de obter essas informações. Eu próprio já falei, por duas vezes, com a senhora ministra da Administração Interna, reforçando essa mesma necessidade de esclarecimento à Câmara de Lisboa e, mais importante, ao público e à sociedade", disse.

Fernando Medina criticou, por isso, o "silêncio MAI", afirmando que "todos temos direito a saber" porque "é diferente saber se se trata de um grupo organizado, se são grupos rivais ou se são claques de futebol".

Relativamente às críticas feitas por vereadores da oposição, nomeadamente o do PSD, que sugeriu que a realização deste tipo de eventos deve ser feita dentro dos estádios, o autarca sublinhou que o município não vai proibir os festejos nas ruas, apesar dos incidentes causados no passado domingo.

O Marquês de Pombal é o "palco inevitável" dos festejos dos adeptos dos clubes da cidade, tanto do Benfica como do Sporting, defendeu.

Na terça-feira, uma fonte ligada ao processo confirmou à Lusa que a Polícia de Segurança Pública (PSP) deu parecer negativo aos festejos do Benfica no Marquês de Pombal, alegando que o modelo concebido não era adequado em termos de segurança.

Modelo de segurança estava "ajustado"

A Direção Nacional da PSP esclareceu na quinta-feira que o dispositivo de segurança destacado para os festejos benfiquistas de domingo, em Lisboa, estava "ajustado", tendo sido reorganizado quando se registaram confrontos entre adeptos e a força policial.

"A opção por um dispositivo de segurança de caráter menos ostensivo, com elementos da UEP (Unidade Especial de Polícia) sem o equipamento de segurança de nível máximo, revelou-se ajustada em determinada fase do policiamento", porque se encontrava "num contexto festivo", refere a PSP num esclarecimento enviado à agência Lusa.

Também na quinta-feira, a Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP) pediu ao comandante do Corpo de Intervenção da PSP para esclarecer a ordem dada aos elementos para não usarem equipamentos de proteção nos festejos dos adeptos benfiquistas em Lisboa.

Esta sexta-feira, a ASPP questionou o facto de o Corpo de Intervenção da PSP ter sido destacado para os festejos dos adeptos benfiquistas sem equipamento de proteção, colocando em risco a sua segurança.

Nos incidentes ficaram feridos 16 polícias com escoriações devido ao arremesso de pedras, garrafas de vidro e material pirotécnico.

INEM interveio em 23 incidentes

Segundo dados distribuídos hoje na conferência de imprensa, foram registados, na festa do Benfica do passado domingo, 23 incidentes que obrigaram à intervenção do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e de 117 intervenções dos bombeiros voluntários do município, sendo que foram levadas seis pessoas para o hospital.

No local, estiveram 81 bombeiros voluntários, com seis ambulâncias, e dois profissionais do INEM, com três ambulâncias e uma viatura de emergência médica.

Já os Serviços Municipais da Proteção Civil tiveram 11 meios humanos e três viaturas, enquanto o Regimento de Sapadores Bombeiros teve sete pessoas e duas viaturas.

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