PSD deixa cair críticas à política económica

No início das jornadas parlamentares ficou evidente nova estratégia do PSD: ataque às "duas caras"do governo

Primeiro Passos Coelho, depois Luís Montenegro. Tanto o presidente do PSD como o líder da bancada deram sinais claros de que a política económica e financeira do governo deixará de estar, pelo menos por agora, no primeiro plano da batalha política do partido. Isto no dia em que o INE voltou a indicar que a taxa de desemprego desceu em março para 9,8% (o valor mais baixo desde 2009) e o comissário europeu dos Assuntos Económicos e Financeiros, Pierre Moscovici, declarou que Portugal merece agora mais confianças das agências de rating.

Em contexto das jornadas parlamentares do PSD, que decorrem em Albufeira, Algarve - e onde a ausência de Maria Luís Albuquerque foi das mais notadas - Passos recusou-se a comentar os indicadores económicos positivos e as declarações de Moscovici. Algumas horas depois, na intervenção de abertura das jornadas, Luís Montenegro assumiu mesmo que na reflexão que os deputados vão fazer sobre a atividade do governo "não vale a pena falar da parte económica e financeira".

Os sociais-democratas já têm outro alvo e esse é conseguir expor e denunciar aquilo a que Montenegro designou de "as duas caras do governo". Passos tinha essa intenção quando visitou, pela manhã, o Centro Hospitalar do Algarve e as urgências do Hospital de Faro. "Há uma retórica que não casa com a realidade, a realidade que temos precisa de ser melhorada, nomeadamente na área da saúde", afirmou no final de uma reunião de mais de duas horas com representantes sindicais dos médicos e enfermeiros da região, depois de outra com a administração.

O líder do PSD defendeu que o Algarve precisa de um hospital novo e disse não compreender que esta região não esteja incluída nas prioridades do executivo. Questionado sobre a razão por que não construiu esse hospital durante o governo que liderou, Passos respondeu que na altura "não havia dinheiro" para o fazer, tendo sido dada prioridade à melhoria das urgências do Hospital de Faro." Mas há um limite para melhorar o serviço prestado", disse, lamentando que em alturas de "maior normalidade" financeira se mantenham os mesmos problemas. Esta é uma prioridade que desapareceu e não percebemos porquê", insistiu.

Montenegro também desvendou um pouco desta nova atitude quando, na sua intervenção, recordou o caso, noticiado neste fim de semana pelo DN, da contratação de estagiários não remunerados pelo governo para o gabinete jurídico da Presidência do Conselho de Ministros (PCM). "Como propaganda política o governo anda a dizer há meses que quer acabar com os vínculos precários na administração pública. Mas a prova da contradição é que só nos primeiros três meses deste ano o Estado contratou mais quatro mil precários. E agora vem esta história dos estagiários não remunerados para exercerem funções de capital importância na PCM, como é a avaliação da qualidade legislativa. O governo tem duas caras. Uma da publicidade, muito sorridente, outra do dia-a-dia de malabarismos que escondem a verdadeira capacidade de o governo fazer aquilo que diz." Na agenda política do grupo parlamentar do PSD vão estar também a reforma do sistema político, ou questões como a regulação do alojamento local e das plataformas eletrónicas da Uber e da Cabify.

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