"Preferia que Alexandra ficasse num orfanato russo"
Tutela. Depois de um programa exibido na televisão russa, João Pinheiro, o homem que criou Alexandra, diz estar farto das mentiras do pai biológico, que acusa de ser alcoólico
O pai afectivo de Alexandra prefere ver a criança num orfanato do que à guarda do ucraniano Gueorgui Tsklauri, o pai biológico da menor. "Prefiro ver a menina num orfanato do que com ele", disse, em tom exaltado, em declarações ao DN. "Este homem não presta, é um indivíduo que não presta."
João Pinheiro afirma não confiar em Gueorgui porque "ele é um mentiroso e que só está bem quando está ao pé de uma tasca, onde há vinho", o que justifica a sua mudança de atitude e postura perante o pai biológico de Alexandra. "Ele quis vender a filha por 30 mil euros e pediu-nos esse dinheiro", continua em tom acusatório. "E diz que tem uma casa própria e condições para criar a menina, mas é mentira, até porque este está em Portugal há nove anos e ainda nem teve a iniciativa de se legalizar."
Por estas razões, João Pinheiro vai mesmo ao ponto de dizer que prefere "ver a menina num orfanato do que com ele [Gueorgui]", como declarou taxativamente ao DN, que tentou obter uma reacção do pai da criança. O que se revelou impossível até ao fecho desta edição.
Na semana passada, depois de um canal de televisão russo ter exibido um programa com meia hora de duração em que revelava a tristeza de Alexandra por estar na vila de Pretchistoe, na Rússia - onde está a viver por decisão do Tribunal de Guimarães -, João Pinheiro decidiu reaver a guarda da criança. Desta feita, o pai afectivo da criança enviou para o Ministério Público russo um pedido nesse sentido. Sendo que a decisão da Comissão de Protecção de Menores do país do Leste está marcada para dia 20 deste mês. Ou seja: da decisão pode resultar a colocação de Alexandra num orfanato, sendo que a mãe, Natália Zarubina, já disse que podia regressar a Portugal.
O pai afectivo da menor garante que, no mesmo programa de televisão, o pai de Gueorgui insultou Natalia, dizendo que não se sentava ao lado dela. "Porém, veio depois dizer que estava tudo bem entre ela e o seu filho", garante João Pinheiro.
As autoridades de Pretchistoe já tinham feito saber que a menina russa entregue pelo Tribunal de Guimarães à mãe biológica iria ser retirada de casa da mãe, mas pondo de lado a hipótese do seu regresso a Portugal. "Alexandra é cidadã da Rússia e a nossa tarefa é que ela fique no país", declarou Iúri Kudriavtsev, chefe da Comissão de Menores. Kudriavtsev rejeitou assim a devolução de Alexandra ao casal português que a criou: "Ela já se esqueceu dos pais de acolhimento, por isso será melhor se ela for adoptada por uma família russa."