Passos desafia Costa a dizer se quer entrar no governo

Passos escreveu a Costa e diz que não exclui governo a três. Mas acusa o líder do PS de fazer "insinuações irresponsáveis"

O presidente dos sociais-democratas desafiou hoje o secretário-geral do PS a enviar uma "contraproposta objetiva" para mostrar empenho nas negociações e a dizer com clareza se pretende entrar numa coligação de Governo com PSD e CDS-PP.

Numa carta dirigida ao secretário-geral do PS, António Costa, hoje divulgada pelo PSD, Pedro Passos Coelho considera que o documento que aquele lhe enviou na sexta-feira "frustra as expectativas de todos aqueles que contavam com a prossecução das conversas" entre sociais-democratas, centristas e socialistas.

"Se o PS está verdadeiramente empenhado em chegar a um acordo de princípio que propicie estabilidade e governabilidade, então deverá apresentar uma contraproposta objetiva, que inclua base programática e medidas concretas, bem como uma proposta de metodologia alternativa à que a coligação apresentou. Se o PS prefere discutir estas matérias enquanto futuro membro de uma coligação de Governo mais alargada, que inclua, além do PSD e do CDS, o próprio PS, então que o diga também com clareza já que nunca excluímos essa possibilidade, como é sabido", escreve Passos Coelho.

Passos Coelho acusa António Costa, de fazer "insinuações irresponsáveis e sem qualquer fundamento real" sobre a situação do país, numa carta dirigida ao líder dos socialistas.

Esta posição foi assumida por Passos Coelho a propósito da informação económico-financeira solicitada pelo PS no quadro das negociações com PSD e CDS-PP, e que foi considerada pelo líder dos socialistas insuficiente e com graves omissões.

Na carta hoje divulgada pelo PSD, Passos Coelho lamenta que "o PS diga em público que essa informação solicitada não tenha sido de todo transmitida", e acusa os socialistas de utilizarem essa informação "para fazer propaganda política" e "mesmo para fazer sugestões e insinuações irresponsáveis e sem qualquer fundamento real" sobre a situação do país.

"A disposição para negociar e consensualizar nunca pode estar em acusações mais ou menos falsas, ou em protestos incompreensíveis, mas, sim, nos atos e na sua razoabilidade", afirma Passos Coelho.

Esta abordagem patente na carta que me foi enviada não pode deixar de merecer a nossa reprovação, e estamos certos da generalidade do país

Segundo o primeiro-ministro em exercício, "quando foi solicitada pelo secretário-geral do PS a condição, prévia a qualquer nova conversação, de que fosse transmitido um conjunto muito vasto de informação económico-financeira, a coligação [PSD/CDS-PP] não hesitou em que essa informação, no limite da sua disponibilidade, fosse fornecida sem demora".

De acordo com Passos Coelho, contudo, o PS não está a usar a informação que lhe foi transmitida "para aprofundar as negociações" com PSD e CDS-PP.

"Os últimos dias têm confirmado o que praticamente desde o início se tem vindo a tornar claro: que o PS prefere agir com a extrema-esquerda a negociar com os partidos europeístas, vencedores de duas eleições legislativas consecutivas, ao largo de mais de quatro anos; e que, além disso, substituiu a razoabilidade que historicamente o caracterizou por um radicalismo que o país não entende", sustenta.

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