Os arguidos do processo Casa Pia

O Ministério Público deu como provados 169 dos 796 crimes imputados aos sete arguidos do processo de pedofilia da Casa Pia. O colectivo de juízes do processo aceitou ontem alterações de factos imputados mas apenas aos arguidos Carlos Silvino, Manuel Abrantes, Jorge Ritto e Ferreira Diniz. O tribunal subscreve assim sete das cerca de 40 propostas de alterações ao despacho de pronúncia do Ministério Público.

Neste processo respondem o apresentador de televisão Carlos Cruz, o embaixador Jorge Ritto, o médico João Ferreira Diniz, o advogado Hugo Marçal, o ex-motorista da Casa Pia Carlos Silvino, Manuel Abrantes, ex-provedor-adjunto da instituição, e Gertrudes Nunes, dona de uma casa em Elvas onde alegadamente ocorreram abusos sexuais de menores casapianos.

A dona da Casa de Elvas está acusada de 35 crimes de lenocínio relativos aos abusos imputados aos arguidos na sua casa, em Elvas. A residência de Gertrudes Nunes ficou conhecida como a 'casa das orgias', um dos locais de alegados encontros dos arguidos para práticas sexuais com alunos da Casa Pia. É nela que se concentrou o grosso da acusação: os jovens eram transportados até Elvas por Carlos Silvino, motorista da instituição.

Ao embaixador Jorge Ritto foram imputados dois crimes de abuso sexual e um de fomento de prostituição (lenocínio), no caso de pedofilia da Casa Pia. Ritto tornou-se o quinto dos sete arguidos sobre quem que ficou provado crimes de natureza sexual nas alegações finais do Ministério Público. O embaixador, nas últimas declarações há duas semanas, assumiu que ficou com a vida profissional destruída desde o início do processo.

O ex-provedor adjunto da Casa Pia de Lisboa, tem contra si, no despacho de pronúncia, 51 crimes, sendo que 48 são de abusos sexuais, dois de lenocínio e um de peculato. O procurador do Ministério Público, João Aibéo, em Dezembro de 2008, deu como provados três crimes de abusos sexuais sobre um ex-aluno da Casa Pia, em Xabregas e Monsanto. Uma das alterações introduzidas ontem diz respeito à mudança da data de um desses ilícitos.

O médico Ferreira Diniz foi acusado no despacho de pronúncia de 18 crimes, sendo que metade desses foram dados como provados pelo procurador João Aibéo. Os ilícitos referidos eram de abusos sexuais cometidos em Elvas, na casa de Gertrudes Nunes, e no seu consultório, em Belém. Dos crimes considerados provados , nove foram de abusos sexuais com menores, cometidos numa casa na Buraca e no consultório em Belém.

Este arguido começou por ser advogado de "Bibi" mas acabou por se ver envolvido na investigação quando meses depois do início do processo foi constituído arguido. Está acusado de 23 crimes: 19 de lenocínio e quatro de abuso sexual. Na sessão de ontem, a juíza não anunciou alteração de factos imputados a este advogado de Elvas que garante não que conhecia qualquer arguido antes do processo, à excepção de Gertrudes Nunes.

O ex-motorista da Casa Pia, preso há precisamente sete anos, e que confessou alguns dos ilícitos, começou por estar pronunciado por 634 crimes. Há um ano, o Ministério Público considerou que foram 'apenas' 167 o número de crimes de natureza sexual dados como provados. Um dos imputados foi o de lenocínio relativo a uma situação em que terá levado um jovem ao Teatro Vasco Santana, para ter relações sexuais com Carlos Cruz.

O procurador do Ministério Público deu como provados dois crimes de abuso sexual contra Carlos Cruz. Na pronúncia constavam seis. O ex-apresentador insistiu, no mês passado, na sua sexualidade sem tendência para a homossexualidade. O nome de Cruz volta a ser mencionado relativamente a um abuso ocorrido no teatro Vasco Santana. Crime que não consta da pronúncia, porque a queixa não terá sido apresentada a tempo.

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