Testemunho que explica morte de Palha fica por ler
O tribunal que julga no Porto o homicídio do empresário da noite Aurélio Palha, no âmbito do processo "Noite Branca", não vai ler um testemunho tido como fulcral para deslindar o caso, decidiram hoje os juízes.
Trata-se do depoimento prestado perante a Polícia Judiciária pelo segurança Alberto Ferreira («Berto Maluco»), que conversava com Aurélio Palha, nas imediações da discoteca Chic, no momento em que o empresário foi atingido a tiro a partir de um carro em andamento, na madrugada em 27 de agosto de 2007.
Nesse testemunho, Alberto Ferreira declarava que vira dois dos arguidos (Bruno Pinto "Pidá" e Mauro Santos, para além de um terceiro não identificado) no interior do carro de onde partiram os disparos.
A declaração é irrecuperável porque Alberto Ferreira escapou dessa vez à morte, mas veio a ser abatido junto à sua residência, em Gaia, em dezembro seguinte, num caso que fica sem culpados, uma vez que o Ministério Público arquivou o processo.
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A leitura foi negada pelo coletivo da 2.ª Vara Criminal do Porto dirigido pela juíza Ana Paula Oliveira, porque faltou a anuência de todas as partes para divulgar um depoimento que não foi prestado perante magistrado judicial.
No processo cujo julgamento começou hoje sob alçada das Varas Criminais, mas em instalações do Palácio da Justiça, por razões de segurança, os seis arguidos estão acusados pela prática de crimes de detenção de arma proibida e de homicídio, consumado (de Aurélio Palha) e tentado do acompanhante (Alberto Ferreira).
Além de Bruno Pinto e Mauro Santos, são arguidos Tiago Nogueira («Chibanga») Miguel Silva («Palavrinhas»), Ângelo Ferreira («Tiné») e Augusto Soares.
A acusação foi deduzida pela equipa do Departamento Central de Investigação e Ação Penal dirigida pela procuradora Helena Fazenda, sendo confirmada pelo Tribunal de Instrução Criminal do Porto.
O único advogado que fez exposição introdutória foi João Peres, que defende o arguido Miguel Silva e que questionou a incriminação do seu cliente, à semelhança do que fizera em sede de instrução.
Acrescentou que Alberto Ferreira, acompanhante de ocasião da vítima mortal, "tinha um problema acentuado, grave, com o senhor baleado nesse dia", relacionado com dinheiro.
O julgamento prossegue nos dias 23 e 30, com a audição de testemunhas, devendo continuar depois ao ritmo bissemanal.
Prevê-se a manutenção das fortes medidas de segurança adotadas hoje, que levaram a polícia a criar um perímetro de segurança frente ao palácio da Justiça, a revistar público, jornalistas e advogados, além de usar o detetor de metais na sala de audiência antes do julgamento.
A juíza explicou que as medidas foram adotadas em função do relatório policial de avaliação de risco.