'Bruxo de Rio de Moinhos' assassinado à pancada

Agostinho Mendes Moreira, de 57 anos, apareceu ontem morto em casa. O chamado 'bruxo de Rio de Moinhos' foi assassinado com grande violência e foi encontrado com as mãos amarradas. PJ segue duas pistas: assalto e vingança

Um homem conhecido como o "bruxo de Rio de Moinhos" foi assassinado à pancada na madrugada de ontem. O crime, que envolveu também agressões ao irmão da vítima mortal, teve contornos de grande violência, o que deixou a população daquela freguesia de Penafiel em estado de choque. As autoridades seguem duas linhas de investigação: a de assalto e a de vingança por algum "serviço" antigo.

Agostinho Mendes Moreira, 57 anos, era conhecido em toda a região do Vale do Sousa e Baixo Tâmega. Tratado por "Bruxo Agostinho Lourenço", vivia do que a terra dava, mas sobretudo dos "serviços" que prestava a quem lhe batesse à porta. "Todos os dias vinham cá pessoas. Vinham de todo o lado, até do estrangeiro. Também médicos aqui vinham", conta a vizinha Maria Alzira, de 64 anos.

Agostinho atendia os "clientes" num anexo da uma casa sem água nem luz e que toda a vida partilhou com o irmão Manuel Mendes Moreira, um homem de 68 anos com deficiência mental. E foi junto à porta deste anexo, "cheio de santinhos", que o "bruxo de Rio Moinhos" foi encontrado morto às 08.00 de ontem.

"Toquei a buzina para ele vir buscar o pão, mas como ninguém apareceu entrei na propriedade para deixar a saca na porta. Foi aí que o encontrei", conta Manuel Alberto Fernandes, o padeiro que todos os dias passava por aquela casa da rua da Sobreira.

A mesma testemunha descreve que Agostinho Mendes Moreira estava seminu, deitado de barriga para baixo e com as mãos amarradas. "Olhei de longe e vi sangue nos joelhos. Fiquei assustado e fui pedir ajuda a casa de uma vizinha", continua.

Maria Alzira, a segunda pessoa a ver o corpo, confirma a descrição e acrescenta que, no local, se ouviam gritos de Manuel Mendes Moreira - que a GNR veio a descobrir preso numa arca, com uma saca na cabeça e com várias agressões por todo o corpo.

O irmão do "bruxo de Rio Moinhos" foi então transportado para o Hospital Padre Américo, em Penafiel, onde deu entrada com politraumatismos. Ao final da tarde, o seu estado era considerado estável mas, embora fora de perigo, iria continuar em observações.

Já Agostinho Mendes Moreira foi encontrado sem vida em consequência das agressões que sofreu - ou, avança a Guarda Nacional Republicana, vítima de asfi-xia, visto que tal como o irmão, também ele tinha uma saca na cabeça.

Com a porta aberta à força de pancadas de um esteio e com a casa todo revirada, as autoridades suspeitam que o homicídio de Agostinho Mendes Moreira possa ter acontecido na sequência de um assalto. Também os boatos que circulavam pela vila de que o "Bruxo de Rio Moinhos" guardava o dinheiro em casa dão força a este tese. A Polícia Judiciária investiga ainda a possibilidade de o assassinato ter sido uma vingança de algum "cliente".

Certo é que, entre a vizinhança, ninguém ouviu nada. "Estava a chover muito e não ouvi nada", declara a vizinha mais próxima.

O único alerta terá sido dado pelo próprio Agostinho Mendes Moreira que, ao início da noite, telefonou para a irmã num tom aflitivo, mas pouco perceptível. "Como não percebeu o que ele dizia a minha mãe não saiu de casa", revelou Maria Leonor Costa.

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