"Maratona" para criar um partido liberal até às europeias e legislativas
Associação Iniciativa Liberal intensificou a recolha de assinaturas para fazer nascer um novo partido político em Portugal
A recolha de assinaturas começou de forma discreta, agora acelerou. Membros da Associação Iniciativa Liberal andaram neste fim de semana na Feira do Livro, em Lisboa, a recolher assinaturas para a constituição de um novo partido em Portugal. "Estamos a começar uma maratona", afirma ao DN Rodrigo Saraiva, um dos fundadores da associação.
A azáfama para conseguir mais algumas assinaturas - entre as 7500 que são necessárias para a constituição de um partido - por entre as bancas dos livreiros e o público da feira durou todo o fim de semana. Os jovens, de T-shirt azul e com um liberal.pt estampado a branco, tentaram explicar ao que virá esta nova força política, que será designada por Iniciativa Liberal e se situará ao centro (entre o PS e o PSD).
A associação nasceu em setembro do ano passado e tinha por objetivo, diz Rodrigo Saraiva, consultor de comunicação, "a disseminação dos valores liberais, porque há muitas ideias erradas sobre o que é ser liberal". Latente estava também o desejo de ganhar força e ter intervenção política.
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O grupo começou por trabalhar num manifesto que tem por base o Manifesto Liberal de Oxford (1947), que alojou numa plataforma digital - https://manifesto.liberal.pt/ - e para o qual pediu os contributos de quem se identifica com os ideais liberais. "Tivemos 200 participações efetivas e mais de três mil emendas", diz o fundador da associação, o que, segundo as suas palavras, fez perceber que havia mais pessoas que sentiam a falta de uma força política com estas características. E daí foi um passo para avançar para a tentativa de criação de um partido. E na sua base a defesa de três pilares: a liberdade política, a social e a económica.
Mas o espaço político liberal não estará já ocupado pelo PSD de Passos Coelho? "A governação PSD-CDS demonstra que o pilar da liberdade social não existiu e para a liberdade económica não basta umas privatizações para atingir esse objetivo. As empresas continuam a ter imensos problemas para se constituírem", argumenta Rodrigo Saraiva, que garante que não há nenhum partido em Portugal que cumpra os três pilares de um partido liberal.
A par da recolha de assinaturas está a ser pensada uma agenda programática, que lançará os debates sobre várias áreas e permitirá elaborar um programa político. A ideia é concorrer já às próximas eleições europeias e legislativas de 2019 .
Rodrigo Saraiva admite que já houve várias tentativas de criar forças políticas alternativas aos partidos saídos do 25 de Abril e que quase todas falharam. Mas nem isso o esmorece. "Estamos a iniciar uma maratona, perseverança vai fazer parte do nosso ADN", diz. "Lá chegaremos e iremos levar uma visão liberal ao Parlamento. A diversidade política vai ajudar à maturidade da democracia portuguesa."
Nomes sonantes neste movimento não há muitos. "É o Rodrigo, a Ana , o Filipe...", diz o fundador da Associação Iniciativa Liberal. Talvez o mais notável dos membros da associação seja o professor José Adelino Maltez, que não deverá fazer parte da estrutura do partido, já que é militante na Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa (ALDE). Partido que permite a militância sem necessidade de ser previamente militante de um partido a nível nacional.
O grupo fundador do movimento, e que estará na base do partido, conta com nomes como os de Alexandre Krauss, conselheiro político do ALDE; Rodrigo Saraiva, que é uma espécie de CEO da associação e chegou a integrar a lista do Movimento do Partido da Terra nas legislativas de 2015; e Bruno Horta Soares, que é professor universitário na Católica - Lisbon School of Business and Economics e na Porto Business School.
O "manifesto Portugal mais liberal" está já disponível no site da associação e divide-se em quatro capítulos: o homem e o Estado; Progresso económico e social; Liberdade e responsabilidade; E paz e prosperidade. "O nosso manifesto inspira-se no de Oxford, mas é feito para o Portugal contemporâneo", assegura Rodrigo Saraiva. Agora resta convencer 7500 portugueses a ajudar a criar um novo partido e a tempo de entrar na corrida às europeias e legislativas para disputar o espaço político com o PS e o PSD.