Machado testemunha favorecimento a família de Sócrates
Mário Machado, líder dos Hammerskins Portugal, vai testemunhar na segunda-feira no processo sobre declarações de outro arguido relacionadas com um alegado favorecimento da família de José Sócrates.
De acordo com fonte judicial, Mário Machado, a cumprir pena de prisão no Estabelecimento Prisional de Monsanto, será ouvido "como testemunha a pedido do DCIAP" (Departamento Central de Investigação e Ação Penal) no processo em que foi constituído arguido Rui Dias.
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No seu depoimento no Tribunal de Loures, em 2009, Rui Dias afirmou que Mário Machado e mais seis arguidos estavam a ser julgados por associação criminosa, extorsão, sequestro e outros crimes por terem em seu poder documentos de fluxos financeiros que, alegadamente, envolvem familiares do primeiro-ministro cessante, José Sócrates, nos processos Freeport e Cova da Beira.
Rui Dias disse em tribunal que "tem documentos que referem o desvio de 383 milhões de euros", envolvendo "o tio, o primo e a mãe" de José Sócrates, após o qual um dos três elementos do coletivo de juízes decidiu extrair uma certidão, sustentando que houve "denúncia de factos graves".
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Mário Machado, que também interveio depois de um juiz do coletivo ter anunciado que iria enviar para a Procuradoria-Geral da República (PGR) a certidão, garantiu na altura que "os documentos estão em dois blocos escondidos em dois sítios diferentes".
Também naquela sessão de julgamento, José Manuel de Castro, advogado de Mário Machado, referiu que o alegado dossier integra "comprovativos originais de depósitos e transferências de bancos em paraísos fiscais", documentação que entregou na PGR a 2 de julho do ano passado.
Dias foi condenado pelo Tribunal de Loures a 30 de Junho de 2009 a uma pena única de nove meses de prisão efetiva pelos crimes de roubo, sequestro e coação.
A Mário Machado foi aplicada a pena de sete anos e dois meses de prisão efectiva pelos crimes de coação, roubo, sequestro e posse ilegal de arma.
Em Janeiro deste ano, o cúmulo jurídico de Mário Machado foi fixado em quatro anos e 10 meses.
A 4.ª Vara Criminal de Lisboa determinou o tempo de prisão efetiva que Mário Machado terá de cumprir pelas condenações em três processos: de difamação, ameaça e coação a uma procuradora da República; de discriminação racial, coação agravada, detenção de arma ilegal, danos e ofensa à integridade física qualificada; e de crime de detenção de arma de fogo.
Esta pena é, no entanto, provisória porque ficou de fora do pedido de fixação de cúmulo jurídico a condenação aplicada a Mário Machado pelo Tribunal de Loures de sete anos e dois meses de prisão efectiva.