Lesados do BES concentrados no Rossio dizem que "reembolso é única coisa justa"

Clientes que investiram em papel comercial do Grupo Espírito Santo estão concentrados em Lisboa.

Dezenas de lesados do Banco Espírito Santo (BES) que investiram em papel comercial do Grupo Espírito Santo (GES) estão concentrados no Rossio, Lisboa, afirmando que o reembolso do dinheiro investido "é a única coisa justa" que pode ser feita.

Gritando palavras de ordem contra o governador do Banco de Portugal e os responsáveis do Novo Banco e munidos de apitos, badalos e buzinas, os manifestantes consideram que o reembolso do papel comercial por parte do Novo Banco aos clientes lesados do BES é uma questão de justiça.

"Não há outra alternativa, é claro como a água. Todos estes produtos foram vendidos com base em contas falsificadas, vendidos a pessoas sem qualquer perfil para produtos de risco", disse à Lusa Rui Falcão, 40 anos, um dos lesados, que não quis avançar o montante que investiu no banco.

O lesado do BES falava à Lusa após ter sido questionado sobre o parecer jurídico que a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) enviou na quarta-feira à comissão parlamentar de inquérito ao caso BES/GES, no qual defende o reembolso pelo Novo Banco.

"Claramente se chegou à conclusão de que isto foi uma aldrabice e que tem de se fazer o reembolso o mais rapidamente possível e que esta é a única coisa justa a fazer", reforçou.

A perda das poupanças de uma vida é transversal a vários lesados presentes hoje na manifestação, concentrada no início da Rua Augusta, junto ao Rossio.

É o caso de um casal, acima dos 70 anos, que veio da Ericeira para protestar, preferindo não divulgar o nome.

"O Banco de Portugal e o Novo Banco não devolvem as poupanças dos depositantes, depois de terem assumido esse compromisso", disse o casal, que investiu cerca de 100 mil euros, representativos de poupanças acumuladas ao longo de 40 anos de trabalho.

História diferente conta um homem, de 48 anos, atualmente desempregado, e que também pediu o anonimato.

"Tinha recebido uma indemnização do sítio onde trabalhava e feito uma aplicação que vencia ao dia. Perguntei ao gestor de conta se a aplicação tinha algum risco e ele respondeu que era ínfimo, mas existia. Então, mandei retirar imediatamente o dinheiro da aplicação e que se fizesse outra aplicação sem qualquer risco. Ele vendeu-me papel comercial ESI [Espírito Santo International]", contou.

E assim, disse, perdeu 100 mil euros.

A manifestação é organizada pela Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial (AIEPC) que está a promover hoje três prptestos em simultâneo no país: Porto (Av. dos Aliados), Caldas da Rainha (Praça 25 de Abril em frente à Câmara Municipal) e Lisboa (Zona sul do Rossio).

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