Japoneses olham para o Ocidente e já não vivem só para trabalhar
Governo nipónico quer alterar a cultura laboral de décadas e, além de apoiar iniciativas de empresas para reduzir horários exagerados, quer agora obrigar trabalhadores a fazer férias
No imaginário ocidental, o mundo laboral no Japão é sintetizado pela imagem de um operário em greve, que em vez de manifestação ou piquete opta por continuar a trabalhar com uma braçadeira em que indica a sua condição. Outra representação remete-nos para os dias longos de um empregado enfiado num escritório, aos quais se seguem finais de tarde em jantares com colegas da empresa, com elevado consumo de álcool.
Contudo, apesar da agitação nas ruas do bairro Shibuya e da rush hour do metro de Tóquio, o mercado de trabalho nipónico está a mudar. O número exagerado de horas de trabalho é agora tido como prejudicial à produtividade com qualidade e como causa da quebra na taxa de natalidade num dos países mais envelhecidos do mundo. Mais: segundo o Financial Times, a taxa de desemprego no Japão subiu e o consumo das famílias desceu pelo segundo mês consecutivo.
Estes fatores têm contribuído para que a cultura japonesa de trabalho caminhe para a ocidentalização. Ainda assim, a realidade laboral está ainda longe da de países como Portugal. "No Japão ainda é difícil encontrar um emprego, sobretudo no setor privado, em que se trabalhe apenas oito horas por dia. Porém, nos últimos anos, existe um crescente respeito pelo tempo para estar com a família. Por exemplo, às quartas-feiras, há empresas que já excluem o período laboral extraordinário e que fazem uma jornada de oito horas", explica ao DN Ren Ito, arquiteto de 40 anos que há 11 vive no Porto, desde que publicou um livro sobre a obra de Siza Vieira.
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