Já há 150 autocarros cheios para a manifestação dos professores

Os números relativos apenas aos docentes que vêm de fora da Área Metropolitana de Lisboa são considerados "um bom presságio" em relação ao protesto deste sábado, esperando-se que a mobilização continue a aumentar

A meta fixada por Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, é repetir os cem mil professores dos protestos de 2008 e 2009 contra as políticas da então ministra Maria de Lurdes Rodrigues. E se as previsões ficam guardadas mais para o final da semana, perto da manifestação nacional de sábado, a logística em torno das deslocações dos professores que vêm de fora de Lisboa - um habitual "barómetro" da adesão aos protestos - deixa os sindicatos otimistas em relação a uma "forte participação".

"Já temos 150 autocarros que vêm de fora de Lisboa, o que significa um bom presságio em relação ao que vai acontecer no sábado", defendeu ao DN José Alberto Marques, secretário nacional da Fenprof e presidente do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa. "Esperamos que isto cresça bastante, até porque [até] quinta-feira o normal é poder aumentar o número de pessoas envolvidas", disse, acrescentando que o número de professores de Lisboa, cuja mobilização é "mais difícil de calcular" porque a maioria desloca-se pelos próprios meios, deverá "fazer crescer bastante" o total.

O protesto, tal como sucedeu nas grandes manifestações de há dez anos, conta com a participação em bloco de todos os sindicatos de professores, desde os afetos à CGTP e à UGT aos independentes.

Nos últimos dias, "centenas" de sindicalistas das diferentes organizações têm-se multiplicado em ações de divulgação da manifestação, considerada muito importante para forçar o governo a ceder na questão da contagem do tempo de serviço congelado - o principal foco de contestação -, com os professores a reclamar a devolução de mais de nove anos e quatro meses de serviço e o governo, que tem envolvido elementos das Finanças e da Educação nas negociações, a não chegar aos três anos. A precariedade e o desgaste profissional (horários e aposentações) são os outros temas em cima da mesa.

"Centenas" de sindicalistas das diferentes organizações têm-se desdobrado nos últimos dias em ações de divulgação do protesto, que terá início às 15.00 de sábado e seguirá o tradicional percurso entre o Marquês de Pombal e o Rossio, com palcos montados para os discursos no início e no fim do trajeto.

Todos os 800 agrupamentos de escolas do país têm cartazes alusivos ao protesto à porta das suas escolas, num total de "25 a 30 mil". Foram distribuídos 150 múpis (estruturas metálicas em que se exibe publicidade) por todo o país. Mas o principal trabalho, disse José Alberto Marques, tem sido a mobilização dos docentes através de reuniões e plenários nas escolas. "Nessas reuniões tem sido notório o nível de indignação. E o que esperamos é que esta se reflita na participação na manifestação."

O sindicalista admitiu que há professores desanimados. Sobretudo depois de terem visto poucos resultados do princípio de entendimento assinado com o governo em novembro, na sequência da greve e manifestação em frente à Assembleia da República. "Alguns acham até que já não vai ser possível resolver os problemas.

A nossa opinião, e é o que temos tentado dizer nas reuniões sindicais, é que resolver os problemas passa também pelos professores", explicou. "Se os professores se unirem - e acredito que sim - vão ser resolvidos os problemas."

Comparações difíceis com 2008

O descontentamento atual tem semelhanças com o que deu origem aos grandes protestos de há uma década. Tal como na altura, existe uma forte mobilização de independentes. Uma iniciativa legislativa de cidadãos, visando a contagem integral dos nove anos e quatro meses de tempo de serviço congelado aos professores - o grande foco de indignação - já atingiu as onze mil assinaturas, aproximando-se das 20 mil necessárias para a votação obrigatória na Assembleia da República. Mas repetir os cem mil na manifestação será difícil. Desde logo porque há hoje menos docentes no sistema.

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