Greve dos médicos é uma de várias ações contra medidas que consideram degradar os serviços
A greve de dois dias, hoje anunciada pelos médicos, é uma de várias iniciativas que a Ordem e os sindicatos dos médicos pretendem desenvolver para combater algumas medidas do Ministério da Saúde que consideram estar a degradar os serviços.
Numa conferência de imprensa conjunta, dirigentes da Ordem dos Médicos, da Federação Nacional dos Médicos e do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) criticaram a publicação de um concurso público que visa adquirir pelo mais baixo preço 2,5 milhões de horas em serviços nas instituições públicas.
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"É uma situação muito grave e que vai conduzir a uma degradação dos serviços", alertou o bastonário da Ordem dos Médicos.
Para José Manuel Silva, "não há nenhum profissional neste país que queira ser contratado pelo seu mais baixo preço".
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As três organizações exigem "a imediata anulação do concurso de contratação de empresas privadas e a implementação dos concursos legais de recrutamento dos médicos, aplicando na prática a legislação sobre as carreiras médicas".
Além da greve nos dias 11 e 12 de julho, a Ordem, a FNAM e o SIM anunciaram que vão encetar contatos com outras organizações -- estudantes, associações, utentes -- e contatar com as centrais sindicais para analisar as formas de cooperação na defesa do SNS e da contratação coletiva.
"Os médicos não gostam de fazer greve, é um último recurso, a situação é grave demais e, como sempre, quem paga é o doente", disse o dirigente da FNAM Mário Jorge Neves, com a concordância do secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha.
Os médicos vão ainda "contestar pelas vias judiciais possíveis" o concurso, por considerarem que é "uma medida que viola os direitos constitucionais da contratação coletiva, do acesso à função pública e do direito ao trabalho".
A solicitação de uma audiência ao Provedor de Justiça para "apelar à sua ação quanto ao pedido de inconstitucionalidade do citado concurso" e uma outra ao Presidente da República e à Comissão Parlamentar de Saúde foi igualmente anunciada.
A curto prazo, os médicos vão realizar reuniões "nos principais locais de trabalho" para "proceder à mais ampla mobilização de esforços na defesa dos objetivos reivindicativos definidos".
Serão realizados três plenários regionais de médicos no Porto, Coimbra e em Lisboa.