Grávida vacinada perde feto com cordão no pescoço
Feto tinha 39 semanas e nasceu já sem vida. Este é o segundo caso fatal no Hospital de Portalegre numa mulher vacinada. A unidade esclarece, no entanto, que no ano passado registou cinco mortes fetais
Mais uma grávida vacinada contra a gripe A perdeu o bebé, desta vez muito perto do fim da gestação, às 39 semanas. Segundo o Hospital de Portalegre, o feto nasceu morto às 05.00 de ontem com o cordão enrolado à volta do pescoço. Esta é a segunda morte fetal em menos de duas semanas naquela unidade, e a quarta em mulheres vacinadas contra o H1N1 em todo o País. Os especialistas insistem que não há relação entre a vacina e estes incidentes, mas realçam que todos são investigados.
O hospital vai realizar uma autópsia ao feto e já abriu um processo de averiguações. Fonte da unidade esclareceu ao DN que no ano passado o hospital registou cinco casos destes. Já em 2007 tinha tido apenas um.
A jovem de 27 anos, residente em Ponte de Sôr, tinha sido vacinada há dez dias. O Ministério da Saúde confirmou ontem ao DN que o bebé nasceu com o cordão enrolado à volta do pescoço. "É uma situação muito comum que às vezes provoca a morte ao bebé e é abusivo dizer que tem relação com a vacina da gripe A", disse fonte oficial daquele ministério.
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Para o presidente do Colégio de Obstetrícia da Ordem dos Médicos, Silva Carvalho, também não há relação entre a imunização e as mortes. "Não há indicações que a vacina cause problemas aos fetos ou sequer mais agitação", disse ao DN. Nos últimos dias registaram-se quatro morte de fetos em grávidas vacinadas com a Pandemrix (ver caixas). No entanto, os médicos obstetras lembram que todos os anos morrem cerca de 300 fetos com mais de 28 semanas de gestação. Em Novembro do ano passado, por exemplo, morreram 25. E dizem que apenas são noticiados os casos em que a mulher foi vacinada contra a gripe A.
O presidente da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia, Luís Graça, alerta que o risco de não ser vacinada é muito superior ao da vacina. Isto porque as futuras mães correm dez vezes mais risco de sofrerem complicações se foram infectadas pelo H1N1, diz. Em Portugal, uma das oito vítimas mortais do vírus estava grávida quando foi infectada. Os médicos foram obrigados a fazer uma cesariana e a criança sobreviveu, mas a mãe morreu. Há também outras grávidas internadas nos cuidados intensivos, revelou Luís Graça.
Na Europa são conhecidos pelo menos mais três casos de grávidas vacinadas que perderam os bebés: dois na Noruega e um em França. A Agência Europeia do Medicamento ainda está a analisar dados sobre estes casos mas diz que com "base informação disponível não há qualquer ligação com a vacina". Segundo a Agência Britânica de Medicamentos , a taxa de morte fetal naquele País é de 5,4 em cada 1000 nascimentos. Por isso, a agência prevê que por cada 100 mil mulheres vacinadas ocorram 500 morte fetais, independentemente da vacinação.
Ontem, a Sociedade Europeia de Microbiologia acusou o "movimento antivacinação" de criar dúvidas à volta da vacina. Preocupados com a falta de adesão em vários países europeus, a associação lembra que há vidas em risco.