Faturou 13 milhões a comprar terrenos para vender no dia seguinte
Graças a informação privilegiada sobre os traçados das autoestradas, um empresário comprava terrenos, por vezes a preços irrisórios, para vender à concessionária com lucro.
A Polícia Judiciária (PJ) do Porto está a investigar os casos de cerca de 100 expropriações amigáveis relacionadas com as autoestradas do Douro litoral. Suspeita-se, noticia o Jornal de Notícias, que o protagonista da investigação terá faturado à volta de 13 milhões de euros, comprando terrenos a preços irrisórios para vender à concessionária das autoestradas, AEDL (Auto Estradas do Douro Litoral), poucos dias depois, a partir de informação privilegiada cedida por um engenheiro da Brisa.
O empresário que está no centro da investigação agiu tanto em nome próprio como enquanto representante de empresas, e terá também usado outros indivíduos como "testas de ferro" nalguns dos negócios.
O suspeito comprava terrenos a baixos preços que sabia, a partir da informação dos traçados já decididos pela Brisa, viriam a ser necessários para a construção das autoestradas A23 ou A41. Vendia-os depois, por vezes apenas poucos dias mais tarde, à AEDL. Pelo menos num dos casos que chegou ao Jornal de Notícias, dois terrenos foram comprados dia 11 de maio de 2011 para serem vendidos à AEDL no dia 12, a 194 euros por metro quadrado.
O engenheiro suspeito de ter facultado a informação privilegiada já saiu da Brisa em janeiro de 2013, após uma investigação interna à empresa que concluiu que existiam irregularidades. Foi também alvo de buscas domiciliárias pela PJ no âmbito da investigação.
No total, os terrenos expropriados para construir as estradas A32 e A41 tiveram um custo de 82,2 milhões, sendo que o Ministério Público e a PJ suspeitam que parte desse custo se deva a pagamentos indevidos.