Famílias recorrem cada vez mais a 'baby-sitters'
Cuidar de bebés não é tarefa fácil, mas, na ausência de avós e tios ou vizinhos, é necessário encontrar alguém que fique com os filhos. Pediatra lança curso para dar formação.
Há cada vez mais famílias a recorrerem a baby-sitters para tomarem conta dos filhos. Mas nem todas têm capacidade para tratar de crianças. Preocupado, o pediatra Mário Cordeiro decidiu, com uma equipa, lançar um curso para dar formação necessária a baby-sitters e colocá-las à disposição das famílias através da Internet.
"A actividade de baby-sitting tem vindo a aumentar dada a ausência de avós e tios e também de empregadas ou vizinhos, bem como do aumento de pais em vivência monoparental. Acho indispensável escolher baby-sitters com formação adequada, o que pode ser obtido através de cursos de duração relativamente pequena", diz Mário Cordeiro.
O tradicional recurso à filha do vizinho para cuidar dos filhos durante uma ida ao cinema ou para uma saída para jantar pode ter os dias contados porque os pais procuram cada vez mais "qualidade no serviço".
O baby-sitting é geralmente feito por estudantes, mas também há várias agências que oferecem este serviço de forma particular desde seis a oito euros por hora.
Há um perfil ideal para quem se dedica a esta actividade. O baby- -sitter deve ser alguém com "sentido de responsabilidade, capacidade de iniciativa e criatividade para realizar actividades, ter agilidade para pegar no bebé e o deitar", descreve Maria João Santos, directora de formação do Espaço para a Saúde da Criança e do Adolescente, em Lisboa.
Porque fazer baby-sitting "não é tarefa fácil, é uma enorme responsabilidade, que ultrapassa o tomar conta, mas obriga ao entendimento das necessidades de uma criança e ao saber actuar nas diversas situações", afirma por sua vez o pediatra.
Mário Cordeiro diz que é fundamental ter conhecimentos sobre "alimentação, banho e higiene, sono, brincadeiras, saber contar histórias, acalmar os medos e angústias, e ansiedade pela ausência dos pais". Mas também é necessário saber agir em emergências ou em crises como birras, choros e lutas entre irmãos .
Foi pela procura deste tipo de formação, depois de uma primeira experiência de formação, que se decidiu avançar com um curso baseado no desenvolvimento infantil, na segurança infantil, primeiros socorros e intervenção pedagógica. "Tivemos uma grande procura e cerca de 20 pais a contactar-nos", explica a responsável.
Alertar para o perigo de uma criança junto a um fogão, aprender a socorrer em caso de uma queimadura ou de uma convulsão num bebé ou como brincar através de jogos com a criança foram alguns dos exemplos dados pela responsável do curso, Maria João Santos.
O curso está aberto a todos os interessados mediante inscrição no valor de 240 euros em horário pós-laboral.
A ideia que o baby-sitting é uma tarefa exclusiva de raparigas está longe da verdade. Aparecem cada vez mais rapazes e pessoas de idade avançada a oferecerem-se para tomar conta de crianças.
Apesar disso, a primeira experiência do Espaço para a Saúde da Criança e do Adolescente em formação, não o revelou: "Houve mais mulheres a recorrer a este tipo de curso. Só houve um homem que nos contactou, mas não se inscreveu", conta Maria João Santos.
Se a selecção é importante, também é fundamental haver um tempo de habituação das crianças com a baby-sitter.
"Os pais têm de perceber que é a pessoa adequada, para que possam deixar contactos, sair e confiar" sem estarem preocupados "a noite toda", defende Mário Cordeiro.
Na Internet há diversas empresas que disponibilizam serviço de baby-sitting de norte a sul do País. E não apenas por algumas horas.
"Há baby-sitters que ficam a dormir em casa da família que pediu o serviço. Algo que só acontece quando a pessoa está mais à vontade", disse Inês Santos Silva, gerente, da Querida Família - Serviços da apoio à Família, em Lisboa.