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Esta é a última semana de trabalho no Centro Comercial Gemini para um dos lojistas mais antigos daquele emblemático espaço. Há 25 anos a aparar barbas e bigodes e a cortar cabelos no centro, é com vergonha que Paulo Pinto encara quem passa pela sua loja, uma ilha de luz na cave povoada por apenas mais três lojistas. Decidiu sair depois de saber que havia uma conta de electricidade que expirava esta semana e não seria paga pela administração por falta de dinheiro. "Quem é que vem para aqui? Eu vou para uma loja alugada aqui perto", afirma o dono do Pinto's Cabeleireiros do Gemini.
Proprietários que nunca pagaram condomínio, outros que não pagavam toda a área que estavam a usar, encarecendo o condomínio dos outros lojistas, e desvios de dinheiro e recursos são alguns dos motivos que deixaram a administração nesta situação. Irregularidades denunciadas à procuradoria- -geral da República em 2005 e que nunca foram imputadas. "O processo foi para o DIAP e foi arquivado por insuficiência de provas", conta Alberto Vieira, um desses lojistas.
Desde ontem, os lojistas do centro, localizado na zona de Entrecampos, ficaram com o coração ainda mais apertado. O horário foi reduzido - das 09.30 às 18.00 - porque a administração deixou de assegurar os serviços de segurança.
Linete Mesquita, dona de uma tabacaria, não esconde a indignação. "Hoje de manhã cheguei aqui às 08.00, fiquei à espera que abrissem as portas para trazer os jornais e vi os meus clientes irem embora. Já não voltaram", contou ao DN.
Há quem acredite que vai abrir aqui um Pingo Doce grande. Mas enquanto nada acontece, agoniza. Henrique Pina nem quer pensar na hipótese do centro fechar, um fantasma que assombra a assembleia geral do próximo dia 15. "Se eu sair daqui quem é que vai pagar a creche da minha filha, a casa, o crédito pessoal que pedi para abrir isto?", enumera enquanto limpa a máquina do café uma e outra vez. "Eu sou o único prejudicado porque isto vem dos erros do passado", diz.
