Défice ficava pago "se a hipocrisia pagasse imposto"

"Se a hipocrisia e o cinismo pagassem imposto, teríamos o défice pago por estes candidatos do Orçamento", assegurou ontem Francisco Lopes .

Algo rouco, o candidato presidencial apoiado pelo PCP e pelo PEV, sublinhou num comício, que reuniu no Campo Pequeno cerca de seis mil apoiantes, que os outros candidatos na corrida a Belém se "procuram desresponsabilizar--se por aquilo que promoveram", ou seja por um Orçamento do Estado que está a causar uma va- ga de pobreza e de redução do poder de compra dos portugueses.

O candidato teve a companhia da mulher e de uma das suas duas filhas neste comício e atirou forte sobre o Presidente da República. "Cavaco Silva tem perguntado o que seria de Portugal se ele não fosse eleito Presidente. Daqui respondemos o que qualquer português de bom senso e sentido de justiça responderá: um Portugal bem melhor, mais de-senvolvido e soberano, mais justo", disse Lopes que viu um Campo Pequeno assobiar ruidosamente quando se citava o nome de Cavaco e dos restantes candidatos.

"A nossa candidatura fala verdade e é por isso que incomoda tanta gente. Porque denuncia as injustiças e quem ganha com elas", disse o candidato que garantiu haver mesmo uma linha divisória que na hora do voto todos os portugueses devem ter presente.

"Cavaco Silva, Manuel Alegre, Defensor Moura e Fernando Nobre nada mais têm a oferecer ao povo e ao País do que a continuação do declínio e da injustiça", disse Francisco Lopes, voltando a frisar que todos aprovaram, apoiaram ou viabilizaram o Orçamento "que agora se abate sobre os portugueses".

Francisco Lopes lembrou que, já nesta semana e quase à mesma hora, Pedro Passos Coelho e José Sócrates foram reforçar as campanhas de Cavaco e de Alegre. Mas se Cavaco Silva é o alvo principal também Manuel Alegre não é poupado. Segundo o candidato, também Alegre foi "cúmplice na política de agressão à soberania nacional" e a vaia com que o nome do militante socialista foi recebido não deixou grandes dúvidas sobre as razões que levaram os comunistas a ter um candidato próprio.

Ainda antes de falar Lopes, o líder comunista Jerónimo de Sousa voltou a frisar que, "seja qual for a votação de 23 de Janeiro, no dia seguinte encontraremos Francisco Lopes na linha da frente do combate. Um voto em Francisco Lopes nunca será um voto traído", garantiu, perante um comício com militantes com que mantém um laço de intensa cumplicidade.

O líder comunista em momento inspirado disse mesmo que Cavaco Silva, "chora lágrimas de crocodilo pelos pobres, os desempregados e os trabalhadores da ad- ministração pública". E , já que Lisboa é a capital do fado, acrescentou que "ouvindo este discurso, só falta a viola e a guitarra para cantar o fado da desgraçadinha quando ele tem responsabilidades directas nessa pobreza, nesse desemprego, nessa exclusão social, nesses cortes dos salários".

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