Defesa do ex-vice reitor do Seminário do Fundão vai recorrer
A Diocese da Guarda anunciou que a defesa do ex-vice-reitor do Seminário do Fundão, hoje condenado hoje a 10 anos de prisão, vai recorrer da decisão judicial e que espera "que a verdade seja devidamente esclarecida".
"O teor do acórdão tornado público hoje à tarde, segundo o parecer da assessoria jurídica do sacerdote, não pode ser aceite como definitivo, pelo que vai ser usado o direito de recurso para tribunal de instância superior", refere a Cúria Diocesana numa nota publicada na sua página na Internet.
O Tribunal do Fundão condenou hoje a 10 anos de prisão o ex-vice-reitor do Seminário do Fundão, que estava acusado de 19 crimes de abuso sexual de menores.
A pena foi aplicada em cúmulo jurídico e o tribunal deu como provados todos os crimes: abuso sexual de menores, abuso sexual de crianças e coação sexual.
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A condenação teve em conta o número de atos praticados (19) e não o número de vítimas envolvidas, como pretendia a defesa.
A Diocese da Guarda acrescenta na nota que fica "a aguardar" o resultado do recurso, lembrando que se mantém a medida de coação anteriormente aplicada, ou seja, o sacerdote permanece em prisão domiciliária.
"Entretanto, continuamos esperançados em que a verdade seja devidamente esclarecida e que a sentença final tenha na devida conta a objetividade das provas efetivamente apresentadas pela defesa", conclui.
De acordo com o que ficou provado em Tribunal, Luís Mendes, de 37 anos, abusou de seis crianças com idades entre os 11 e os 15 anos, cinco das quais alunos em regime de internato no Seminário do Fundão.
Os cinco seminaristas foram abusados entre 2011 e 2012 e a sexta vítima - aluno do padre no Colégio Nossa Senhora dos Remédios, Tortosendo, Covilhã - foi abusada em 2008.
Durante a leitura do acórdão, que foi realizada em súmula, mas com a descrição pormenorizada de cada um dos atos praticados, foi dado como provado que o padre ia às camaratas e se deitava na cama dos alunos, praticando os crimes.
Factos que, tal como frisou a presidente do coletivo de juízes, Alexandra Reboredo, o arguido nunca "reconheceu" e sobre os quais "não mostrou arrependimento".
A juíza ressalvou que Luís Mendes apresentou como explicação para as denúncias uma alegada "cabala" montada pelos alunos e que tentou mesmo "denegrir a personalidade dos ofendidos", afirmou.
O coletivo de juízes considerou que a tese da vingança "não ficou minimamente demonstrada", apesar de, tal como recordou a juíza, algumas testemunhas de defesa, como dois padres do seminário e professores do Colégio Nossa Senhora dos Remédios também terem destacado o "mau comportamento dos alunos", o "fraco aproveitamento escolar" e "algumas mentiras" que terão contado enquanto viviam no seminário.
O arguido encontra-se em prisão domiciliária desde o dia em que foi detido, a 07 de dezembro de 2012.