03 março 2016 às 15h50

Campanha de Passos termina no "cavaquistão" após mais de 10 000 km

Líder do PSD enfrentou derrota do orçamento durante campanha interna, que termina amanhã em Viseu

Rui Pedro Antunes

Passos Coelho termina amanhã em Viseu - distrito "laranja", chamado de "Cavaquistão" - uma campanha interna para a liderança do PSD em que fez mais de 10 mil quilómetros, com cinco viagens de avião, passeios em barcos de pesca, visitas a fábricas (hoje vai à da Licor Beirão) e dezenas de encontros com empresários.

O líder do PSD passou em todos os distritos, nas regiões autónomas e ainda fez campanha junto do PSD/Bruxelas, num autêntico ritmo de campanha eleitoral.
Mas a campanha não foi imaculada para Passos. É certo que não tem tido muitos críticos internos, mas lá vão aparecendo históricos sem pudor de dizer o que pensam (Pinto Balsemão, fundador, assumiu que Passos tem "cavalos cansados").

Pelo meio, o candidato e líder do PSD enfrentou uma derrota esperada no Parlamento: a esquerda conseguiu aprovar, na generalidade, o Orçamento do Estado para 2016. Além disso, as divisões entre os partidos da esquerda parlamentar não foram tão acentuadas como a oposição esperava.

Por outro lado, na moção apresentada na sexta-feira, Passos não conseguiu - ou não quis - passar uma mensagem clara. O documento dá-se a várias interpretações e os jornalistas dividiram-se em várias versões: que colocou pressão em Marcelo, que aceitará ser primeiro-ministro com eleições, sem eleições ou que quer apenas forçar a integração de PCP e Bloco no governo.

A ideia de oposição construtiva também não encaixa no facto do partido não ter apresentado qualquer proposta na especialidade.

Há depois pequenas vitórias. Na terça-feira, às 18h00, confirmou-se também que será candidato único, o que não significa que não terá qualquer oposição nas diretas do próximo sábado. Já em 2014, o atual presidente não teve qualquer adversário, conquistando cerca de 88% dos votos.
Agora, Passos tentará resultados similares, de forma a chegar com força ao XXXVI Congresso do partido (que se realiza entre 1 e 3 de abril), mas a força da vitória também dependerá da participação dos militantes.

As eleições no PSD/Aveiro - que decorrem no mesmo dia das diretas - devem impulsionar uma maior participação, já que estão inscritos 6963 militantes, precisamente por haver uma disputa Ulisses Pereira e Salvador Malheiro.

Durante este mês de campanha interna, Passos ainda teve para criar alguns soundbites, tendo mesmo dito que, se estivesse no governo, estaria "a bombar para que a crise ficasse cada vez mais para trás".

[artigo:5053506]

A mensagem tem sido muito centrada no ataque ao orçamento do governo PS. Ainda ontem voltou a dizer "as coisas não estão muito sólidas, quer do lado da receita, quer do lado da despesa" e instou o governo a resolver o problema de uma vez.