Passos Coelho termina amanhã em Viseu - distrito "laranja", chamado de "Cavaquistão" - uma campanha interna para a liderança do PSD em que fez mais de 10 mil quilómetros, com cinco viagens de avião, passeios em barcos de pesca, visitas a fábricas (hoje vai à da Licor Beirão) e dezenas de encontros com empresários.
O líder do PSD passou em todos os distritos, nas regiões autónomas e ainda fez campanha junto do PSD/Bruxelas, num autêntico ritmo de campanha eleitoral.
Mas a campanha não foi imaculada para Passos. É certo que não tem tido muitos críticos internos, mas lá vão aparecendo históricos sem pudor de dizer o que pensam (Pinto Balsemão, fundador, assumiu que Passos tem "cavalos cansados").
Pelo meio, o candidato e líder do PSD enfrentou uma derrota esperada no Parlamento: a esquerda conseguiu aprovar, na generalidade, o Orçamento do Estado para 2016. Além disso, as divisões entre os partidos da esquerda parlamentar não foram tão acentuadas como a oposição esperava.
Por outro lado, na moção apresentada na sexta-feira, Passos não conseguiu - ou não quis - passar uma mensagem clara. O documento dá-se a várias interpretações e os jornalistas dividiram-se em várias versões: que colocou pressão em Marcelo, que aceitará ser primeiro-ministro com eleições, sem eleições ou que quer apenas forçar a integração de PCP e Bloco no governo.
A ideia de oposição construtiva também não encaixa no facto do partido não ter apresentado qualquer proposta na especialidade.
Há depois pequenas vitórias. Na terça-feira, às 18h00, confirmou-se também que será candidato único, o que não significa que não terá qualquer oposição nas diretas do próximo sábado. Já em 2014, o atual presidente não teve qualquer adversário, conquistando cerca de 88% dos votos.
Agora, Passos tentará resultados similares, de forma a chegar com força ao XXXVI Congresso do partido (que se realiza entre 1 e 3 de abril), mas a força da vitória também dependerá da participação dos militantes.
As eleições no PSD/Aveiro - que decorrem no mesmo dia das diretas - devem impulsionar uma maior participação, já que estão inscritos 6963 militantes, precisamente por haver uma disputa Ulisses Pereira e Salvador Malheiro.
Durante este mês de campanha interna, Passos ainda teve para criar alguns soundbites, tendo mesmo dito que, se estivesse no governo, estaria "a bombar para que a crise ficasse cada vez mais para trás".
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A mensagem tem sido muito centrada no ataque ao orçamento do governo PS. Ainda ontem voltou a dizer "as coisas não estão muito sólidas, quer do lado da receita, quer do lado da despesa" e instou o governo a resolver o problema de uma vez.