Câmara aprova plano para unir Parque Mayer e Jardim Botânico

A questão do processo judicial ainda em curso contra a permuta dos terrenos do Parque Mayer e da Feira Popular pairou ontem como um fantasma na reunião da Câmara de Lisboa em que foi apresentado o Plano de Pormenor do Parque Mayer, Jardim Botânico e zona envolvente. Apesar de todas as dúvidas levantadas, o plano foi aprovado com a abstenção do PSD, os votos contra do CDS-PP e favoráveis dos restantes partidos.

José Sá Fernandes, vereador do Bloco de Esquerda e autor do processo judicial que exige a anulação da permuta, implicando a devolução dos terrenos do Parque Mayer à empresa Bragaparques, retirou- -se da sala para não ficar envolvido na votação do plano.

Os vereadores Pedro Santana Lopes e João Navega, ambos do PSD, alertaram que, "se o tribunal anular a permuta, o terreno volta para a Bragaparques e a câmara não pode fazer nada ali".

O presidente da autarquia, António Costa, esclareceu que, "seja como for, à Câmara de Lisboa é que compete elaborar o plano de pormenor para aquele espaço, definindo o que se pode ali fazer ou não e quais os usos permitidos".

"Em vez de ficarmos parados à espera da decisão judicial, não perdemos tempo e avançámos com o que é possível fazer em segurança até chegar a sentença", salientou o presidente.

Em resumo, o arquitecto responsável pelo plano, Manuel Aires Mateus, explicou que serão criados vários acessos ao Parque Mayer, tornando-o mais aberto ao público, e uma ligação pedonal entre esta área cultural situada numa cota inferior e o Jardim Botânico, localizado a um nível superior.

A zona verde ficará praticamente toda ao mesmo nível, porque as coberturas dos edifícios do Parque Mayer terão vegetação, dando o efeito de serem um prolongamento do Jardim Botânico.

Adiantou que o Capitólio, já em obras de reabilitação, formará a praça central do Parque Mayer, partindo dali duas grandes ruas. O Variedades vai ser recuperado e será construído um novo teatro grande e instalações para várias actividades complementares, além de uma unidade hoteleira. No plano superior da área do Jardim Botânico, os museus e os edifícios da universidade serão recuperados.

A vereadora independente Helena Roseta considerou "esta solução muito positiva, porque tem pouca carga construtiva".

Gonçalo Reis, vereador do PSD, criticou que "a maior parte da área é para comércio e serviços e um hotel. Só um espaço diminuto se destina a actividades culturais".

Para António Carlos Monteiro (CDS-PP), "440 lugares de estacionamento são poucos para servir um espaço que pretende atrair muito público". E considera que "o plano é vago. Não refere valores de custos nem quem financia".

O plano segue para a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, regressa à câmara para nova votação e só depois será submetido à Assembleia Municipal.

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