BE vai ter programa de governocontraa direita
Com as sondagens a assumirem boas perspectivas eleitorais, a direcção reforça-se em torno do 'mágico' número dez: o Bloco faz dez anos de vida e a fasquia psicológica está hoje nos 10%
O Bloco quer "uma esquerda grande e capaz de combater os inimigos da exploração", garantiu ontem - no discurso de encerramento da VI Convenção - Francisco Louçã, adiantando que esta esquerda deve ser "grande pela representação dos mais explorados".
"Esta não é uma crise da economia, é uma crise da classe dominante do País", frisou Francisco Louçã. Para o líder histórico do BE, "o poder económico é a razão da crise", aproveitando para comparar a realidade que o PS maioritário encontrou em 2005 e a que agora existe, para logo concluir que hoje há mais desemprego, menos poder de compra e mais endividamento das famílias e do próprio País.
Francisco Louçã assumiu a necessidade de uma alternativa de poder, daí a defesa da convergência de esquerda, e deixou mais três propostas que vão ser bandeiras de luta do BE para os próximos tempos. O BE quer o salário mínimo nacional na fasquia dos 600 euros, defende que o horário de trabalho tenha um tecto máximo de 35 horas semanais e insiste na necessidade de se lançar um imposto sobre as grandes fortunas que sirva, designadamente, para financiar o sistema de Segurança Social.
Quando passam dez anos sobre a constituição do BE, e as sondagens eleitorais sustentam perspectivas de sucesso nas urnas, Francisco Louçã assumiu - ainda que de forma algo subliminar - que a fasquia eleitoral está nos 10%.
Marcante no dia de ontem foi, ainda, a intervenção do líder parlamentar Luís Fazenda, o ideólogo que esteve na base da constituição do próprio BE há dez anos.
Fazenda assumiu o objectivo fundamental do BE para as legislativas: retirar a maioria absoluta do PS. "Não somos uma tábua de salvação, somos um projecto de futuro, um projecto de alternativa", disse, adiantando: "O nosso objectivo é retirar a maioria absoluta ao PS."
Perante o que foi a primeira reacção verdadeiramente calorosa da sala, o líder parlamentar bloquista clarificou a posição da direcção e respondeu de forma categórica aos representantes da minoria - corporizada em torno da moção C -, afastando por completo qualquer hipótese de aliança pós-eleitoral com o PS.
"Não nos venham com cantos de sereia com a questão da governabilidade", adiantando mesmo que "esse joguinho anda o CDS a fazê-lo".
No dia de todas as clarificações, também Pedro Soares, coordenador autárquico do BE, garantiu que não só vai haver uma candidatura própria à Câmara de Lisboa como afastou qualquer hipótese de alianças pós- -eleitorais na capital com o PS de António Costa.